Jornal Estado de Minas

Bloquinho em extinção

Grupo do PSB, PTB e PCdoB será dissolvido em meio à crise na base do governo

Nova aliança entre siglas deve levar à criação da terceira maior bancada na Casa

Erich Decat Karla Correia

Brasília – Com uma atuação conjunta desde o primeiro mandato do governo Lula (2003 – 2006), o casamento entre os partidos de esquerda, também conhecidos como bloquinho, caminha para o fim. A extinção do grupo composto por PTB, PCdoB e PSB deve ocorrer amanhã em Brasília, em encontro com caciques dos partidos. Juntos, eles contam hoje com uma bancada de 63 deputados. A extinção do grupo, que busca mais “autonomia” na própria atuação na Casa, será mais uma desafio para o novo líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), que já tem de lidar com uma ebulição de “descontentes” com o tratamento dispensado pelo Palácio do Planalto. E ainda aproximará as bancadas de PSD e PSB, formando o terceiro bloco mais forte da Câmara, com 76 deputados.
A decisão do fim do bloquinho deve ser tomada em encontro entre o presidente do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, e o presidente do PCdoB, Renato Rabelo, amanhã. “Atualmente, o bloco tem apenas atuação formal. Acreditamos que ele já cumpriu o seu papel político”, ressaltou o deputado Osmar Júnior (PI), ex-líder do partido na Câmara. “O bloco era importante numa época em que buscávamos nos fortalecer. E hoje há uma necessidade de se ter uma identidade do partido”, acrescentou.

Apesar de o PCdoB caminhar para um voo solo, assim como fez o PDT, que integrou o bloquinho até as últimas eleições, os demais partidos que compõem o grupo hoje se movimentam nos bastidores para conseguir  formar um novo mosaico político. No mesmo dia do encontro de Eduardo Campos e Renato Rabelo, o líder do PTB, Jovair Arantes (GO), se reúne com o líder do PSC, Ratinho Jr. (PR). No encontro, será discutida a formação de um novo bloco “informal” entre as duas legendas que contam com 38 deputados.

Mesmo antes de chegarem ao altar, os líderes dos dois partidos ensaiam discurso por mais espaço no governo. Nenhuma das duas legendas conseguiu emplacar um ministro na dança das cadeiras promovida até agora pela presidente Dilma Rousseff. O PTB detém apenas cargos de destaque no segundo escalão do governo – as presidências da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e da Superintendência de Seguros Privados (Susep). O PSC, uma diretoria no Ministério da Cidades.

“O pleito é ter tratamento equânime. Por que o PTB e o PSC não têm o mesmo tratamento do PCdoB e do PDT, que têm ministros?”, queixou-se Ratinho Jr. A possibilidade de o PTB ocupar a vaga do PDT no Ministério do Trabalho chegou a ser aventada, mas o mais cotado para assumir o posto é  o deputado Brizola Neto (PDT-RJ). O PCdoB detém o Ministério do Esporte, com Aldo Rebelo (SP).

 O fim do bloquinho deixa o PSD ainda mais empolgado com a possibilidade de conseguir emplacar a formação de um novo bloco com o PSB. As lideranças dos dois partidos andam juntas desde a formatação da legenda comandada pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab.

PR rachado

A decisão do PR no Senado, que partiu para a oposição na semana passada, não deve arrebanhar muitos seguidores. Deputados do partido ensaiam permanecer na base governista e, nos estados, a tendência é fazer alianças respeitando a realidade, principalmente depois de o governo ter avisado que não vai negociar sob pressão. Hoje, os presidentes dos diretórios estaduais do PR discutem a situação nas eleições municipais e os deputados federais afinam a postura que devem adotar frente ao governo.