Antes dele, o presidente nacional, senador Valdir Raupp (RO ), na mesma linha, anunciava o tamanho do partido no país. "O PMDB está fazendo cruzada pelo Brasil com uma única pregação: a candidatura própria para prefeito e para vereador", disse, ressaltando que o partido tem 1.154 prefeitos, 900 vice-prefeitos, 8.500 vereadores, 200 deputados estaduais, 80 federais, 20 senadores, cinco governadores e seis vice-governadores. "Vamos sair dessa eleição com o maior número de prefeitos e vereadores da história", avisou Raupp, enfatizando as candidaturas a prefeito em Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro. Ao mesmo tempo em que o presidente nacional do PMDB negou qualquer "estremecimento ou problema" com o governo Dilma, considerou: "Até porque temos o vice-presidente da República. Somos aliados de primeira hora e vamos continuar apoiando". Raupp minimizou as dificuldades, que já geraram diversos encontros paralelos de peemedebisstas para discutir a relação com o governo federal: "Na política há pequenas turbulências e insatisfações. Logo vão serenando".
Também o vice-presidente Michel Temer fez questão de destacar a importância do PMDB, que segundo ele, "fez a governabilidade em vários governos", e sempre os integrou como "convidado". Apesar do recado, ele negou qualquer crise entre os peemedebistas e a gestão da presidente Dilma Rousseff. Temer considerou "naturais" as reclamações por mais espaço, especialmente em ano eleitoral. "Não tem havido nenhuma crise fruto de eventual reclamação. E o Clésio vindo para o PMDB vai ajudar nessa boa relação do PMDB com o governo."
Governabilidade Para o vice-presidente, a chegada do senador mineiro dá mais "equilíbrio" na relação de forças no Congresso. Questionado sobre a possibilidade de Dilma sofrer nova derrota durante a votação do Código Florestal, Temer esquivou-se: "Não posso dizer isso porque não sabemos o que vai ocorrer até o dia da votação". A presidente sofreu revés com a rejeição do nome de Bernardo Figueiredo à diretoria-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), o que a levou a substituir a liderança de governo no Senado.
Segundo Clésio, repetindo o líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), o partido está se adaptando à “nova realidade do governo Dilma”. O senador salientou o papel da legenda na governabilidade. “O partido é democrático, tem papel fundamental na administração da petista, assim como teve na de Lula. O PMDB dá equilíbrio ao governo junto com o PT. É natural que tenha adaptações e reivindicações”, amenizou.
Além de Michel Temer, Renan Calheiros e Raupp, compareceram à filiação de Clésio os também peemedebistas Edison Lobão, ministro das Minas e Energia; Romero Jucá (RR), ex-líder do governo no Senado, e os também senadores Vital do Rego (PB) e Eunício de Oliveira (CE), ex-ministro das Comunicações. Integrantes de outros partido da base também participaram da convenção extraordinária, como os senadores Gim Argello (PTB-DF) e Antonio Russo (PR-MS).
Enquanto isso...
…líder agora defende Ideli
O líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), reconheceu que a tarefa exercida pela ministra da Secretaria de Relações Instituições, Ideli Salvatti, de manter os partidos da base aliada pacificados, é "uma função espinhosa". Ele considerou improvável a ideia de que a presidente Dilma Rousseff tire Ideli do cargo para atender pedidos de líderes aliados. A "fritura" de Ideli, na opinião de Eduardo Braga, está descartada. O líder mudou de posição depois de ter conversado com Dilma, na manhã de ontem. Na semana passada, havia demonstrado descontentamento com a articulação de Ideli com o PR, que reagiu à decisão de que não vai recuperar o Ministério dos Transportes deixando de apoiar o governo no Senado.
Se no plano federal o PMDB se contorce por mais espaço no governo de Dilma Rousseff, em Minas caciques do partido garantem que a legenda está em condições de lançar candidatura própria ao Palácio da Liberdade em 2014. O senador filiado ontem à legenda, Clésio Andrade, que estava no PR, é a principal carta na manga. Depois de ter formulado o convite a Clésio, o ex-ministro das Comunicações Hélio Costa disse que no momento trabalha apenas para "ajudar a restruturar o partido". Hélio Costa, que perdeu para Antonio Anastasia (PSDB) em 2010, garantiu não ter projetos para concorrer em 2014. Com trânsito em todos os grupos políticos do partido, Clésio é a aposta para unificar a legenda.
“Clésio será o líder no processo de sucesso em 2014. Será o candidato preferencial”, disse o deputado estadual Paulo Piau. “Ele tem toda a chance de ser o candidato”, afirmou o deputado federal Mauro Lopes, secretário-geral do partido. “O PMDB estará mais forte com Clésio”, sustentou o presidente estadual, Antônio Andrade.
Reiterando o discurso que pleiteia maior presença de Minas no plano federal e nos tribunais de justiça superiores, além da cobrança por mais investimentos na duplicação e recuperação de rodovias e na instalação de um tribunal regional federal no estado, Clésio Andrade disse que o PMDB tem todas as condições para concorrer ao governo mineiro. “O PMDB é o partido mais preparado. É o partido que tem condições, pelo alinhamento e afinidade com o governo Dilma, de atrair investimentos”, anunciou. “Veja o Rio de Janeiro onde houve mais de R$ 20 bilhões em investimentos nos últimos anos. Pernambuco teve mais de R$ 15 bilhões, exatamente pelo alinhamento (ao governo Dilma)”, comparou. De acordo com ele, Minas precisa e depende dessa interação com o governo federal. “Vai ser o PMDB que vai salvar o nosso estado”, acrescentou.
Festança
Além de fretar dois aviões que trouxeram o vice-presidente da República, Michel Temer, o ministro das Minas e Energia, Edison Lobão e diversos senadores, entre eles o presidente nacional do PMDB, Valdir Raupp (RO) e o líder do partido no Senado, Renan Calheiros, Clésio organizou um grande evento para a sua filiação, com a presença de líderes de 700 diretórios cidades. Quarenta faixas saudavam o senador na entrada principal da Assembleia.
Ao som do batuque da Charada da Alegria, os convencionais eram recebidos no saguão principal com petiscos do Buffet Cristina Misk. Aqueles que não conseguiram vaga nas galerias, puderam acompanhar os discursos pelos telões . Sem considerar os voos fretados, o custo da festa na ALMG foi de R$ 35 mil. Em seguida, Clésio deu uma recepção em sua casa. Além dos peemedebistas, participaram da filiação os deputados federais Reginaldo Lopes (presidente estadual do PT), Miguel Corrêa Jr (PT), Odair Cunha (PT), Jô Morais (PCdoB), Luís Tibé (PTdoB) além do presidente estadual do PRTB, Aristides França, aliado político de Clésio que desbancou a antiga direção da legenda.