“Se tiver um consenso podemos apresentar uma única tese: a de aliança sem o PSDB, com tudo colocado no papel para não deixar dúvidas. Quem sabe? Estamos conversando”, afirma Roberto Carvalho. Segundo ele, o que ficou claro no domingo foi a rejeição pelo PSDB.
A tática pode acabar inviabilizando a aliança, caso ela seja aprovada no domingo. É que Lacerda já anunciou um acordo com o PSDB, mas ele ainda não foi formalizado. Se a aliança com o PSB sem os tucanos for aprovada, o prefeito terá de se decidir entre as duas legendas.
Por isso, nos bastidores, o partido amanheceu ontem movimentado, com troca de telefones e busca de apoio em todos os lados. Para evitar deserções ou mudança de posição, os delegados serão escolhidos a dedo. É que cada uma das 16 chapas terá o direito de indicar número de delegados proporcional à votação obtida. A escolha dos nomes é feita pelo responsável pela formação da lista de nomes de cada chapa.
O presidente do PT mineiro, deputado federal Reginaldo Lopes, disse que o resultado de ontem deixou claro que a militância é favorável à manutenção da aliança com Lacerda. Segundo ele, o próximo passo agora é selar esse acordo e depois discutir o formato da coligação e o nome de um possível candidato a vice-prefeito. “O PSDB é ator secundário nesse processo e está mais por fora do que tudo nessa conversa”, afirmou.
Em pé de guerra
Um grande problema que os defensores da aliança terão de resolver é a disputa interna entre os grupos ligados aos pré-candidatos a vice-prefeito de Lacerda. A aliança ainda não foi nem selada, mas os nomes ventilados, entre eles o do deputado federal Miguel Corrêa Júnior e o do ex-deputado federal Virgílio Guimarães, estão, nos bastidores, em pé de guerra. Por fora, corre o nome do deputado estadual André Quintão, preferido para ser o candidato a vice pela ala liderada por Patrus Ananias. Domingo, militantes ligados a Corrêa e a Virgílio se desentenderam em um dos pontos de votação na Região Norte por causa do transporte de militantes e a polícia foi chamada para registrar um boletim de ocorrência. O caso está sendo analisado pela direção do partido.
Para piorar o clima na legenda, o tucano Gabriel Azevedo esteve na sede do PT da capital para comemorar o resultado da eleição dos delegados. O fato desagradou a militância e foi visto como uma provocação. Para o PSDB, o melhor dos quadros seria a saída do PT da chapa, o que abre espaço para a indicação do candidato a vice-prefeito de Lacerda pelos tucanos. Mesmo que a aliança seja aprovada no domingo, com ou sem PSDB, a novela ainda vai continuar até que haja um posicionamento do PSB sobre a participação dos tucanos e uma definição do vice.
Lacerda
O prefeito Marcio Lacerda (PSB) disse ontem que “aconteceu o previsto” na eleição dos delegados do PT no fim de semana. "A reedição da aliança de 2008 está a um passo e nós entendemos que a cidade aprovou a nossa aliança, pois ela está funcionando bem dentro na prefeitura", disse. Segundo ele, a resolução nacional do PT prevê a participação de partidos de fora da base na coligação, mas não na mesma chapa. "Entendemos que as resistências são naturais. Convidamos o PT, assim como PSDB, e queremos os dois participando formalmente." O prefeito informou que o encontro com delegados marcado para ontem foi transferido para a próxima quinta-feira. "Fui convidado para uma troca de ideias. Nossa posição é clara, queremos aliança com o PT na vice-liderança e o PSDB participando formalmente da coligação", afirmou. Questionado sobre uma eventual exigência do PT para saída do PSDB, ele disse que sempre acreditou nessa coligação e, por isso, não pensa nessa possibilidade.