Até maio os vereadores vão votar o Projeto 27/08, de iniciativa popular, que limita a expansão da mineração no Morro do Engenho. O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) preparou um laudo considerando a expansão inadmissível e recomendou aos nove vereadores que votem a favor do projeto de iniciativa popular. Além disso, o coordenador da Promotoria Estadual de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico do MPMG, Marcos Paulo de Souza Miranda, garante que pedirá à Unesco que retire o título de Patrimônio da Humanidade de Congonhas, caso os vereadores não limitem a exploração no morro. A cidade é uma das três de Minas Gerais que detêm esse título, concedido em 1985. As outras são Diamantina e Ouro Preto.
Principal defensor dos interesses da CSN na Câmara, o vereador Eduardo Matosinhos (PR) recebeu na última eleição como financiamento de campanha, doação da Galvasud S.A., empresa que pertence à CSN e hoje se chama de CSN/Porto Real. O prefeito de Congonhas, Anderson Cabido (PT), também é favorável aos interesses da empresa, pois entende que os investimentos são fundamentais para a cidade. Quando concluídas todas as obras, a previsão da empresa é de que sejam gerados 20 mil empregos, entre diretos e indiretos, quase metade da população da cidade, de 48 mil habitantes.
O presidente da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Assembleia, Célio Moreira (PSDB), detalha que a audiência será feita no final de abril e que todas as partes serão convocadas: prefeito, vereadores, Ministério Público, Iepha, associações de moradores e a CSN. "É uma discussão muito importante", destaca o parlamentar. Para Délio Malheiros, já passou da hora de adotar uma proteção permanente às obras de arte de Aleijadinho expostas no adro da Basílica de Bom Jesus do Matosinhos. "Com o incremento da atividade minerária, as partículas danificam os profetas", afirma.
Outro lado
A CSN informa que quando convocada pela ALMG se manifestará sobre o assunto. "A CSN é a favor do tombamento da serra Casa de Pedra. Mas defende uma proposta de poligonal que concilia a preservação ambiental e o desenvolvimento econômico da região. A empresa tem planos de instalar um distrito industrial em Congonhas e criar 20 mil novos empregos. O projeto de lei de iniciativa popular impõe severas restrições ao futuro da mineração na região e, se aprovado, barraria a discussão sobre o futuro sustentável da cidade", detalha nota enviada pela assessoria de imprensa da CSN. "A CSN também ressalta que a paisagem do Morro do Engenho não é objeto de discussão na Câmara Municipal de Congonhas neste momento. Isso será debatido longamente e em profundidade quando for realizado o licenciamento", completa a empresa.