Integrante da cota pessoal da presidente Dilma Rousseff e na fila para ocupar um cargo na Esplanada, o ex-diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) Bernardo Figueiredo entrou na mira do Ministério Público Federal (MPF) simplesmente por não cumprir a missão do órgão: fiscalizar. O MP responsabiliza Figueiredo pela falta de fiscalização no transporte de cargas ferroviária, que teria acelerado o sucateamento do setor. Durante sua gestão à frente do órgão regulador das ferrovias, a ANTT teria evitado a aplicação de penalidades às empresas concessionárias.
A representação foi encaminhada ao presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Benjamin Zymler. Em paralelo, o Ministério Público investiga se houve omissão por parte dos diretores da agência. Há indícios de atos de improbidade administrativa. “É visível a postura leniente da direção da agência, que tem evitado a aplicação de qualquer penalidade à América Latina Logística S/A. O trabalho de seus próprios administrados é dificultado. Assim, infringem claramente as resoluções que tratam especificamente do auto da infração”, destaca o MP.
Ordem
Atualmente, os fiscais da ANTT não podem autuar quando constatam uma irregularidade das concessionárias de ferrovias. A ordem é comunicar o problema à agência que, posteriormente, decide que medida administrativa irá aplicar. Os fiscais sequer possuem talonário.
Em nota, a ANTT nega que tenha parado de fiscalizar as empresas. Informou ainda que cabe à autoridade a aplicação da multa e aos fiscais, a elaboração de notas técnicas. “Diante disso, após a instauração do devido processo administrativo e uma vez indeferida a defesa apresentada pela empresa, o superintendente emite a multa.”
Segundo Bernardo Figueiredo, a afirmação do MP é inverídica e sua gestão é responsável por quase 70% das multas aplicadas. “Estamos aperfeiçoando a gestão da agência. O MP está certo em apontar os erros e nós vamos corrigindo. Quem conhece o meu trabalho sabe disso. A verdade, mais cedo ou mais tarde, vai prevalecer. Só isso que me chateia”, disse Figueiredo, que, apesar de ter se despedido dos funcionários da agência, deve continuar no governo.