Está nas mãos de seis vereadores – que integram a Mesa Diretora da Câmara Municipal de Belo Horizonte – o fim do 14º e 15º salários pagos a título de “ajuda de custo” na Casa, verba que rende a eles R$ 18.576,10 por ano no bolso. E a proposta não deve chegar ao plenário tão cedo, já que as opiniões dos parlamentares são divergentes. Apenas dois integrantes da mesa, o primeiro-secretário Ronaldo Gontijo (PPS) e a segunda-secretária Pricila Teixeira (PTB), garantiram que vão defender uma proposta acabando com o benefício.
O presidente do Legislativo belo-horizontino, Léo Burguês (PSDB), e o secretário-geral, Henrique Braga (PSDB), não quiseram antecipar os votos. O primeiro vice-presidente da Casa, Alexandre Gomes (PPS), foi o único a dizer na enquete do Estado de Minas que é contrário ao fim do benefício. O segundo-vice-presidente Moamed Rachid (PDT) não retornou as ligações da reportagem, que tenta falar com ele desde quarta-feira.
Para que seja apresentado pela Mesa Diretora um projeto que acabe com o benefício, é necessário que pelo menos quatro vereadores sejam favoráveis à ideia. Se isso acontecer, todos assinam a proposta. Ronaldo Gontijo já avisou que vai propor o debate. “Mas só será colocado em pauta de discussão na Mesa Diretora caso o presidente aceite”, acrescentou. Léo Burguês (PSDB) afirmou na quarta-feira que iria discutir o assunto com os colegas da direção. Ele não retornou as ligações da reportagem dessa quinta-feira. De acordo com a assessoria de imprensa do presidente, ele estava participando de atividades fora da Casa.
A pressão para que os seis vereadores apresentem um projeto colocando um ponto final nessa discussão pode partir também dos colegas da Casa. Conforme levantamento do Estado de Minas, publicado na edição dessa quinta-feira, mais da metade dos parlamentares de Belo Horizonte – exatamente 23 – são favoráveis ao fim do benefício. Apenas dois disseram ser contrários a uma medida dessa natureza, incluindo o vice-presidente da Casa, Alexandre Gomes.
Sete disseram ainda estar indecisos ou jogaram a responsabilidade para Mesa ou para a bancada que integram, como é o caso de Henrique Braga. Outros sete não retornaram as ligações e dois deles, Hugo Thomé (PMN) e Carlúcio (PR), estão afastados do cargo, acusados de improbidade administrativa.
A Câmara Municipal de Belo Horizonte é a única entre as capitais do país a pagar o 14º e 15º salários a seus vereadores, conforme mostrou o Estado de Minas em 8 de março. O Rio de Janeiro concede o adicional a seus parlamentares, mas apenas uma parcela no início de cada ano.