Jornal Estado de Minas

Aliança entre PT e PSB para reeleição de Lacerda está perto de se consolidar

Dois dias antes da definição do PT sobre a coligação com o PSB em BH, o prefeito Marcio Lacerda almoça com aquele que é tido como o preferido dele a vice: Virgílio Guimarães

Alessandra Mello

No cardápio do almoço entre Lacerda e Virgílio, além do prato chinês, as articulações para manter o PSDB na chapa com petistas e socialistas - Foto: Maria Tereza Correia/EM/D.A.PRESS

Embora negue que tenha qualquer preferência por nomes do PT para compor sua chapa, o prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), se reuniu nessa quinta-feira com o ex-deputado federal Virgílio Guimarães – tido como o candidato a vice dos sonhos do prefeito –, para tratar da sucessão na capital mineira. Faltando dois dias para o encontro do PT que vai decidir o rumo do partido nas eleições deste ano, Lacerda almoçou com o ex-deputado, que foi um dos principais coordenadores de sua campanha em 2008, na companhia do presidente do PSB mineiro, o ex-ministro do Turismo Walfrido dos Mares Guia, em um restaurante da Zona Sul de BH.

Participaram do almoço o ex-presidente do PT de Belo Horizonte Aluizio Marques, um dos principais responsáveis – juntamente com o ministro de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio, Fernando Pimentel – pela aliança entre PT, PSDB e PSB em 2008; o secretário-geral do PSB mineiro, Mário Assad Júnior, e o deputado estadual Paulo Lamac (PT). Todos são defensores da reedição da aliança com Lacerda sem restrição à presença dos tucanos na chapa, tese que ainda enfrenta certa resistência no PT. A presença da reportagem pegou de surpresa os comensais, principalmente o prefeito, que se recusou a dar entrevista ao sair do restaurante. “Fui convidado para esse almoço pelo Walfrido, por isso ele é quem vai falar”, esquivou-se.

Questionado sobre a possibilidade de Virgílio ser o candidato a vice-prefeito, Walfrido também desconversou. Segundo ele, essa é uma questão interna do PT. “Em briga de jacu, inhambu não entra” , afirmou, citando um dito popular. Ele também disse que não há a menor possibilidade de o partido ser pressionado a escolher entre PT e PSDB, caso seja aprovada no domingo a reedição da aliança com Lacerda, com veto à participação dos tucanos, como pretende uma ala petista.

“De jeito nenhum o PSB vai ter de fazer essa escolha. Uma coisa é um partido ter restrição ao outro por serem adversários nacionalmente, a outra é trazer essa divergência para o nível local. Isso não vai acontecer. O PSDB hoje integra a gestão do prefeito Marcio Lacerda e nós já o convidamos, junto com outros partidos, para fazer parte da nossa aliança”, sentenciou. Walfrido reiterou que, por uma questão justiça, o cargo de vice já foi oferecido novamente ao PT e que o PSB espera apenas a definição dos petistas para fechar a chapa.
 
Ainda é cedo Questionado sobre o andamento das conversas para ser o candidato a vice-prefeito, Virgílio Guimarães afirmou que essa é uma definição que deve ficar para abril ou maio. O mais importante, de acordo com ele, é “unificar o PT”. Repetindo o discurso de Walfrido, ele disse ainda que o PT é uma “partido de visão nacional, mesmo quando discute uma aliança local”. ´O ex-deputado ponderou: “É natural que o PT tenha preferência por fazer aliança com os partidos que apoiam o governo federal, mas distância entre a vontade e a realidade é muito grande”. Para ele, os petistas não têm como impedir uma legenda de se coligar com outra.

Além de Virgílio Guimarães, disputam a vaga de vice na chapa de Lacerda o deputado federal Miguel Corrêa Jr. e o deputado estadual André Quintão, que conta com o apoio do ex-ministro de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias. Por fora correm também o nome de Paulo Lamac e do secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, Helvécio Magalhães.

 

À esquerda

O ex-ministro Walfrido dos Mares Guia garantiu nessa quinta-feira que o principal assunto do almoço não foi o imbróglio da sucessão na capital mineira. A pauta, segundo ele, foi filosofia. “E marxista” , assegurou. De acordo com ele, Virgílio Guimarães discorreu sobre a teoria do autor de O capital e o embate entre os reinos da liberdade e da necessidade. “O Virgílio nos disse que considera que a luta entre o capital e o trabalho não é a principal luta do homem. A principal luta do homem é o capitalismo. O ser humano luta é pela liberdade e pela necessidade, e uma compete com a outra”, disse.