Os documentos integrariam relatório da Operação Monte Carlo, que prendeu 35 pessoas em 29 de fevereiro, entre elas Cachoeira e o próprio delegado. Deuselino teria parado suas investigações depois de ser "comprado" pelo grupo do bicheiro e Demóstenes. Também estariam envolvidos os deputados federais Carlos Alberto Leréia (PSDB), Jovair Arantes (PTB) e Rubens Otoni (PT).
Um dos relatórios citados relataria que, após uma investida da PF para estourar um cassino do advogado Ruy Cruvinel, envolvido no bicho, ele contou que, dos R$ 200 mil mensais arrecadados, 50% iriam para Cachoeira e outros 30% para o senador.
Uma outra reportagem, do jornal "O Globo", diz que grampos da PF revelaram que Demóstenes pediu dinheiro e vazou informações oficiais a Cachoeira. Numa das gravações, o senador apareceria solicitando ao bicheiro que lhe pagasse uma despesa de R$ 3 mil com táxi aéreo. Em outra, faria confidências sobre reuniões reservadas com autoridades.
Enviado pela Justiça à PGR em 2009, o caso ficou parado por dois anos e meio. Nesta sexta, o órgão informou que a apuração sobre os dados, remetidos em 2009 pela Justiça, ficou suspensa aguardando a conclusão de outra investigação em curso, mas, recentemente, os documentos foram anexados à Monte Carlo.
Os senadores Randolfe Rodrigues (Psol-AP) e Pedro Taques (PDT-MT) e o deputado Chico Alencar (Psol-RJ) vão pedir na terça-feira explicações a Gurgel sobre quais providências tomou em 2009 sobre o relatório, que também aponta o envolvimento dos deputados Carlos Leréia (PSDB) e Sandes Junior (PP) com Cachoeira. "A PGR não pode mais retardar as investigações", afirmou Randolfe.
O advogado de Demóstenes, Antônio Carlos de Almeida Castro, disse que seu cliente nega "peremptoriamente" as acusações de que recebia 30% da arrecadação de Cachoeira. Segundo ele, a matéria é "uma ofensa" e os relatórios da PF citados, "fantasiosos". O senador informou ao advogado que uma pessoa próxima de Cruvinel disse que ele negou ter implicado o senador em depoimento.