A lista é encabeçada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, que direcionou dinheiro para entidades comandadas pelo PDT, partido presidido pelo ministro demitido Carlos Lupi. O pente-fino determinado por Dilma encontrou 39 contratos com fraudes e outras irregularidades, que resultaram na proibição de as ONGs firmarem novos convênios para capacitação profissional. O Ministério da Justiça foi a segunda pasta com a maior quantidade de contratos irregulares: 36, que deixaram de ser executados por entidades que ficaram proibidas de receber novos repasses da União. Os convênios sob suspeita de fraude somam R$ 33,4 milhões.
Os maiores repasses foram feitos a entidades contratadas para o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), vitrine do governo da presidente Dilma na área de segurança. As fraudes envolvem projetos de apoio à implementação do Pronasci em algumas regiões do país. O Centro de Estudos Sociais Contemporâneos, por exemplo, recebeu quase R$ 4 milhões em 2009 para implementar o núcleo local de gestão do Pronasci na Região Metropolitana de Porto Alegre. A entidade foi incluída no cadastro de ONGs impedidas de novos contratos com o governo federal.
Entidades parceiras da Fundação Nacional do Índio (Funai), subordinada ao Ministério da Justiça, também aparecem no cadastro. É o caso da Associação de Cultura e Meio Ambiente (ACMA), que assinou um convênio de R$ 6,5 milhões com a Funai para implantar um programa cultural em comunidades indígenas da Amazônia. O Ministério da Justiça quer reaver o dinheiro destinado à entidade, R$ 5,7 milhões. "O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, solicitou o máximo de rigor nas análises", informa a assessoria de imprensa do Ministério da Justiça ao Estado de Minas.
Festival
A Pesca é o quinto ministério com a maior quantidade de contratos fraudulentos, que levaram entidades para o cadastro de ONGs impedidas de novos contratos com o governo. Os convênios somam R$ 10,8 milhões, montante superior aos contratos suspeitos dos ministérios do Meio Ambiente (R$ 2,4 milhões) e da Saúde (R$ 1,2 milhão). Segundo o Ministério da Pesca, a existência de irregularidades graves não compromete os programas desenvolvidos em parceria com entidades sem fins lucrativos. Em relação ao Ministério da Saúde, a maior parte dos contratos suspeitos é da década de 1990. "O ministério realiza, em média, 4 mil convênios anualmente. O número de convênios irregulares representa 0,58%", informa a assessoria de imprensa da pasta. "A tomada de contas especial representa uma ação prevista na legislação para reaver os recursos transferidos", acrescenta a assessoria.