Jornal Estado de Minas

Em menos de um mês na Pesca, Crivella já mexe em secretarias do ministério

Josie Jerônimo

Crivella também está substituindo profissionais em cargos comissionados e quer marcar presença no Rio - Foto: Antonio Cruz/ABrO ministro Marcelo Crivella interrompeu, depois de um ciclo de nove anos, o domínio do PT sobre o Ministério da Pesca e já chegou ao comando da pasta imprimindo sua marca, para desespero dos petistas. Em pouco mais de 20 dias no cargo, Crivella não perdeu tempo em ajustar sua equipe, trocando a secretaria executiva da gestão do petista Luiz Sérgio e nomeando funcionário de sua confiança. No lugar de Maria Aparecida Perez — ligada ao PT de São Paulo —, Crivella nomeou o brigadeiro Átila Maia da Rocha para a função de secretário executivo. O brigadeiro era considerado um dos principais articuladores do PRB, sigla de Crivella, no Congresso.

Além do posto-chave, as quatro secretarias consideradas “pilares” do Ministério da Pesca estão na mira da renovação do partido republicano na pasta que foi comandada por quatro petistas antes de passar às mãos do PRB. O novo ministro estuda nomes para assumir as secretarias de Planejamento da Aquicultura, da Pesca, da Infraestrutura e Fomento e do Monitoramento e Controle. Uma baixa dada como certa é a de Felipe Matias na Secretaria de Aquicultura. Matias é cotado para assumir cargo na Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), mas deixaria o ministério apenas no segundo semestre. Com a troca ministerial e do chapéu partidário na pasta, Matias deve adiantar sua saída. Os cortes nos cargos que, desde 2003, pertenciam a petistas, também passam pelo Gabinete Ministerial, em fase de formação. Cargos comissionados, aos poucos, estão sendo substituídos na gestão de Crivella.

Desde que foi criado, o Ministério da Pesca teve três de seus cinco comandantes vindos de Santa Catarina. A gestão de Luiz Sérgio, que voltou para seu mandato de deputado após ser substituído por Crivella, deslocou para o Rio de Janeiro o foco político de atuação da pasta. Mesmo assim, as ações e os convênios do ministério continuavam a favorecer o estado de Santa Catarina, terra de Ideli Salvatti, ex-ministra da Pesca e titular da Secretaria de Relações Institucionais. Natural de Angra dos Reis, município fluminense com tradição no setor pesqueiro, Luiz Sérgio olhou para a sua região e assinou, no fim do ano, convênio favorecendo a aquicultura na Baía da Ilha Grande.

Escola do Mar


Mais focado na capital, Crivella já se movimenta para levar o selo de sua gestão na Pesca para o Rio de Janeiro. Em gestação no ministério está a criação do Centro Integrado da Pesca Artesanal, para atender colônia de pescadores do bairro de Ramos, Zona Norte da capital fluminense. O Rio de Janeiro também deve ser a cidade escolhida para abrigar a Escola do Mar, projeto de qualificação para pescadores que a pasta, no comando de Crivella, pretende lançar. De acordo com o ministério, existe um terreno situado na Ilha do Governador, também no Rio de Janeiro, que seria ideal para abrir a escola de profissionalização. Apesar de os investimentos continuarem no Rio de Janeiro, Crivella está longe de ser um aliado político do PT no estado, e as conquistas da pasta na nova gestão não vão gerar dividendos eleitorais aos petistas.

Mas, além do Rio, Crivella tem bases na Bahia, onde mantém o projeto Fazenda Nova Canaã, em Irecê. O ministro já articula ações para fazer a pasta da Pesca se tornar mais presente na rotina dos trabalhadores baianos. Uma das primeiras iniciativas é ampliar o número de lanchas/patrulha do ministério para fiscalizar a utilização de bombas em áreas de pesca artesanal.