Na conversa de hoje, segundo lideranças do PT em São Paulo, Jonas Donizette não condicionou um eventual acordo com o PT nas eleições indiretas do mês que vem com as eleições municipais de outubro. Até mesmo porque, segundo o pessebista, "está claro para o PT" que ele tem um compromisso com o PSDB em Campinas. "E eu pretendo honrar este compromisso (com os tucanos)", disse o deputado pessebista à Agência Estado. Por esse acordo, os tucanos indicarão o vice na chapa encabeçada por Jonas, na disputa à prefeitura de Campinas, nas eleições de outubro deste ano. "(Edinho) me disse que o PT está disposto a ser de vice em nossa chapa, mas deixei claro que tenho compromisso com os tucanos e não pretendo desmanchar (tal acordo)."
Jonas Donizette, que já foi líder do então governador José Serra na Assembleia Legislativa de São Paulo, disse também que na semana passada recebeu um telefonema de Serra. O tucano telefonou para tranquilizá-lo quanto ao cumprimento do acordo em Campinas. Em troca do apoio, os líderes do PSDB em São Paulo esperam uma reciprocidade do PSB quanto à candidatura do ex-governador. A esse respeito, Donizette argumentou: "Em nenhum momento eu condicionei este apoio, porque São Paulo passa por uma negociação nacional". Apesar disso, o presidente do PSDB paulista, deputado Pedro Tobias, disse à Agência Estado que espera reciprocidade neste caso. "Vamos apoiar Donizette e esperamos o apoio do PSB a José Serra em São Paulo", frisou.
Contradições
Depois da conversa com Donizetti, o presidente do PT em São Paulo deve procurar o presidente do PSB paulista, Marcio França, que é secretário de turismo do governo Geraldo Alckmin (PSDB). Entretanto, um acordo entre os pessebistas com os tucanos em São Paulo passa pelo crivo do presidente nacional da sigla, Eduardo Campos, que ontem esteve reunido com Lula. Em entrevista hoje, à rádio Jornal do Recife, Campos reiterou sua proximidade com o PT da presidente Dilma Rousseff. "(No encontro) Fizemos uma leitura do quadro político nacional, reafirmamos parte a parte a aliança estratégica do PT com PSB em nível nacional, na base de sustentação do governo Dilma e sabemos que nas eleições municipais temos de conviver com as contradições que são próprias nas disputas nas cidades", disse o governador, com relação ao tamanho da base do governo Dilma, que comporta legendas de várias vertentes, muitas das quais concorrentes em várias cidades neste pleito.
Eduardo Campos disse também que é importante atuar naquilo que é possível resolver e citou que existe uma comissão eleitoral do PT, coordenada pelo secretário nacional de organização do PT, Paulo Fateschi, e do PSB, coordenada pelo vice-presidente do PSB Roberto Amaral, para fazer um mapeamento da situação das duas siglas nos municípios e ver onde é possível o PT apoiar o PSB e vice-versa. Além de São Paulo, onde a sigla é disputada tanto por petistas quanto por tucanos, outras cidades também enfrentam negociações delicadas, como é o caso do Recife, onde Lula pediu para Campos apoiar o nome de Maurício Rands, deputado federal e secretário do governo, para disputar a prefeitura pelo PT. Contudo, o nome de Rands poderia barrar a candidatura à reeleição do atual prefeito, João da Costa, também do PT, mas cujo governo não é bem avaliado pela legenda. "Não temos veto a qualquer nome, não fizemos nenhum ação para apoiar alguma alternativa, queremos um nome que unifique a frente popular (no Estado)", frisou Eduardo Campos.