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Estado de Minas

Líderes petistas não se entendem sobre aliança

Dirigentes do partido não se entendem sobre resultado da votação de domingo. Roberto Carvalho avalia que houve veto aos tucanos. Rui Falcão e Reginaldo Lopes dizem o contrário


postado em 27/03/2012 06:00 / atualizado em 27/03/2012 06:59

"Foi aprovada a coligação com o PSB e houve ponderação ao prefeito de que seria interessante não ter o PSDB. Queremos dizer que o PSDB não é bem-vindo. Mas a decisão será do prefeito" - Rui Falcão, presidente nacional do PT (foto: Euler Junior/EM/D.A Press - 29/8/11)


Um dia depois de encerrada uma disputa apertada durante Encontro de Tática Eleitoral em relação à política de alianças do PT na sucessão à Prefeitura de Belo Horizonte, o partido continua a bater cabeça. Não há consenso sequer em relação ao que foi deliberado. Em entrevista coletiva ontem, o presidente municipal petista, vice-prefeito Roberto Carvalho, que defendia a tese da candidatura própria, deu a sua versão: “O PT vetou a presença do PSDB. Se o PSB não decidir até 15 de abril a exclusão do PSDB, nós retomaremos a tese da candidatura própria”. Segundo Roberto Carvalho, o PSB receberá oficialmente o resultado da resolução para que se posicione no prazo indicado.

De forma diferente interpretam a resolução aprovada no encontro o presidente nacional do PT, Rui Falcão, e o presidente estadual, Reginaldo Lopes. “Foi aprovada a coligação com o PSB e houve ponderação ao prefeito de que seria interessante não ter o PSDB. Queremos dizer com isso que o PSDB não é bem-vindo. Mas essa decisão será do prefeito. Para nós, o elemento decisivo é o de que vamos apoiá-lo”, afirmou Rui Falcão. Na mesma linha, Reginaldo Lopes assinalou: “Foram duas teses. Se apoiaríamos o PSB com o veto explícito ao PSDB na aliança ou se apoiaríamos o PSB com um veto ideológico e político ao PSDB. E ganhou a tese do veto ideológico político. Portanto, a tese de Roberto Carvalho foi derrotada”.

A polêmica promete se estender até 15 de abril, quando, em novo encontro, os delegados eleitos do PT que participaram do debate de domingo voltarão a se reunir, desta vez para a escolha do candidato a vice na chapa de Lacerda. Até lá, entretanto, haverá ainda um novo round a ser decidido: o da interpretação do que de fato foi aprovado no encontro de domingo, por uma margem bastante apertada: 53% contra 47%.

“A resolução aprovada diz textualmente: caso o PSB até o dia 15 não se manifeste pela retirada do PSDB da chapa ou da aliança, o assunto da candidatura própria será recolocado”, insistiu Roberto Carvalho. Para ele, caso o PSB não exclua o PSDB da aliança, o próximo encontro não tratará da escolha do vice, mas debaterá a candidatura própria. “O PT só sairá unido nestas eleições se o PSDB não estiver na coligação”, disse Roberto Carvalho. “Já mostramos que a unanimidade é esta: poderemos fazer aliança com o PSB, desde que não haja a presença dos tucanos na aliança. Se houver a presença dos tucanos, o partido não vai unido”, reiterou.

O vice-prefeito rechaçou o que chamou de “qualquer interferência” externa à deliberação do partido na cidade, em referência ao fato de a Executiva Nacional do PT sustentar como estratégia nacional o fortalecimento da coligação com o PSB em várias cidades brasileiras. “Não aceitamos interferência de quem quer que seja. Esperamos que a nacional ajude sim a resgatar a identidade do PT em Belo Horizonte e a fazer aliança onde não haja partidos que são adversários da presidente Dilma e do projeto do PT”, afirmou.

Leitura Depois de rebater a interpretação de Roberto Carvalho para os resultados do encontro, Rui Falcão chamou à leitura da resolução: “Não existe isso e Roberto Carvalho está afirmando por conta dele. A resolução é clara. Trata-se de cumpri-la”. Logo após o encontro municipal de domingo, houve uma reunião em São Paulo entre Lula, Falcão e o presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, para tratar de um calendário nacional. “Há cidades em que já estaremos com o PSB no primeiro turno. Outras em que há acordo para o segundo turno. Temos um projeto nacional iniciado por Lula do qual o PSB participa. Queremos, onde for possível, estar juntos”, disse, lembrando que, de concreto, já foi reafirmado o apoio mútuo para as eleições de várias cidades do ABC paulista.

“O gesto de Belo Horizonte foi importante para o futuro”, disse Rui Falcão. O resultado foi apresentado a Eduardo Campos durante a conversa com Lula. O socialista ficou muito satisfeito. “O PSDB fez tudo para nos afastar em Belo Horizonte. Não levamos isso em conta, pois nosso objetivo é manter a aliança com o PSB em Minas”, acrescentou Rui Falcão.

Grupo Numa tentativa de retirar de Roberto Carvalho a exclusividade da interlocução sobre a sucessão de Belo Horizonte, foi eleito durante o encontro de domingo um grupo de trabalho eleitoral, com 11 membros a serem indicados segundo o peso das forças políticas. O grupo vai organizar o encontro de 15 de abril. Enquanto Roberto Carvalho ainda tenta reavivar a sua tese, os grupos que apoiaram a aliança com o PSB e a recomendação de veto ao PSDB trabalham pela indicação do vice. Os candidatos mais fortes são o deputado federal Miguel Corrêa Junior, ligado a Fernando Pimentel e com o apoio de Roberto Carvalho, o deputado estadual André Quintão, com bom trânsito em todas as correntes do PT e mais ligado a Patrus Ananias, além da candidatura do ex-deputado federal Virgílio Guimarães.

Resolução da discórdia

Os trechos que geraram controvérsia


Art. 3º – Proclamar que dentre os pontos a serem discutidos com os partidos e candidato a prefeito três deles são de natureza fundamental, portanto obrigatoriamente considerados na formação dos acordos político-eleitorais com o PT BH em 2012, a saber:b) Reiterar a não participação nessa coligação de partidos políticos que se opõem – PSDB, PPS, DEM –, ou que no curso do processo venham a se opor, ao governo Dilma Rousseff;

Art. 5º – Marcar o Encontro de Escolha de Candidatos para o dia 15 de abril, domingo.
§ 1º – fica também esta data definida como prazo limite para que os partidos e o candidato a prefeito se manifestem com clareza absoluta e antes do início do Encontro, acerca dos temas respectivos ao Encontro, já listados no Art. 3º.


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