Dezenas de jovens se reuniram nesta segunda-feira, no Bairro da Graça, Região Nordeste de Belo Horizonte, para manifesto contra um torturador do período da Ditadura Militar. A ação foi comandada pelo Movimento Popular da Juventude, que orquestrou diversas manifestações semelhantes em diferentes capitais do país. Na capital mineira o alvo foi um ex-investigador do Departamento de Vigilância Social acusado de ter torturado diversos miltantes, como Jaime de Almeida, Afonso Celso Lana Leite, Cecílio Emigidio Saturnino e Nilo Sérgio Menezes Macedo.
Cópias de documentos foram distribuídas pelos manifestante - Foto: Levante Popular da Juventude/Divulgação O ato foi chamado de “esculacho” e é inspirado na atitude dos vizinhos argentinos, chamada de escracho. No Brasil foi feita a Lei da Anistia, em 1979, que vale tanto para os torturados como para os torturadores. Já na Argentina a anistia não foi geral. Os militares são julgados, condenados e presos pelos crimes cometidos nos anos de chumbo.
Os manifestantes levaram faixas, escreveram na rua indicando onde mora o torturador e distribuíram cópias de documentos do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), com detalhes das torturas em que o torturador participou. Muitos moradores do Bairro da Graça ficaram surpresos ao saber que o vizinho foi torturador.
O militante do Levante Popular da Juventude em Minas Gerais, Renan Santos, diz que o “esculachado” é conhecido como torturador. “Já foi denunciado outras vezes publicamente, só que hoje em dia ele vive como se nada tivesse acontecido. Ele tem denúncias de participação em assassinatos, intimidações e agressões físicas, por volta de 1969 e 1970. Sobre isso nós temos denúncias relatadas”, afirma Renan. Os manifestantes querem a apuração dos crimes cometidos pela ditadura militar. Além de Belo Horizonte, São Paulo, Porto Alegre, Fortaleza, Rio de Janeiro e Belém também tiveram manifestações semelhantes. O movimento começou no início deste ano no Rio Grande do Sul.