O Palácio do Planalto já escolheu seu candidato para presidir o Congresso em 2014. Setores expressivos do PMDB e da base governista interpretaram a indicação de Eduardo Braga (PMDB-AM) para liderar a bancada do governo no Senado como uma ação do Planalto para interferir no processo sucessório, enfraquecendo o grupo do atual presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP). Erraram. A presidente Dilma Rousseff quer que seu ministro de Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB-MA), um expoente do grupo de Sarney, reassuma o mandato de senador para concorrer ao cargo.
A ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais), que também é catarinense, já até informou ao senador Luiz Henrique (PMDB-SC) que Zimmermann será ministro outra vez.
Funcionário de carreira da Eletrobras, foi ele quem dirigiu o ministério por nove meses em 2010, quando Lobão teve de deixar o cargo para disputar vaga de senador pelo Maranhão.
Naquela ocasião, Zimmermann sentou-se na cadeira de ministro por decisão de Dilma, respaldada pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na próxima, o PMDB quer que ele represente o partido na Esplanada dos Ministérios. É o que planeja Raupp, que não entrou por acaso na operação Senado. Como o senador costuma passar os verões em Santa Catarina tem contato permanente com o PMDB estadual. Zimmermann tem a bênção do Planalto, o apoio de Lobão e a simpatia de Luiz Henrique, que participa do chamado G-8 do PMDB, que faz oposição ao grupo de Sarney.
‘Honroso’
O mandato de senador do ministro Lobão vai até 2019 e seu nome é sempre lembrado como candidato à sucessão da governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB-MA). A quem o indaga sobre presidência do Senado, ele diz que é muito cedo para tratar de um assunto que só entrará em pauta no ano que vem. Embora confesse a preferência pelo ministério, Lobão deixa claro que a hipótese de disputar a presidência do Congresso também lhe atrai. “Isso é honroso para qualquer senador. É uma questão a ser avaliada no momento adequado.”
Não há quem negue que Sarney e seu grupo perderam espaço com a troca de líder do governo, já que Romero Jucá (PMDB-RR) foi substituído por um expoente do G-8. Também é fato que Eduardo Braga assumiu seu mandato de senador contestando a liderança de Renan Calheiros (PMDB-AL), maior aliado de Sarney na Casa. Mas a mudança não significa um golpe à candidatura de Renan à presidência do Congresso porque o projeto do líder é o governo de Alagoas.
Foi esse o tema da última conversa de Renan com Dilma, por ocasião da troca da líderes. Segundo um interlocutor palaciano, ele próprio informou à presidente seus planos de disputar o governo de Alagoas em 2014.