Isolado em São Paulo e com dificuldade para encontrar parceiros que alavanquem a pré-candidatura de Fernando Haddad à prefeitura paulistana, o PT corre para buscar, entre os aliados no plano federal, quem esteja disposto a emprestar o tempo de tevê e o capital político a Fernando Haddad, candidato que patina nos 3% de intenção de voto a oito meses das eleições. Mas o partido esbarra na própria autossuficiência que apresenta em outras cidades importantes.
Em Curitiba, a possibilidade de apoiar o pedetista Gustavo Fruet deve-se mais à falta de opções internas do que à simpatia pelo ex-deputado federal e ex-tucano, uma das vozes mais ativas contra o PT durante a CPI do Mensalão. E Manaus não é, exatamente, uma joia da coroa cobiçada pela direção nacional petista.
O ressentimento dos aliados não é segredo. O presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, disse a interlocutores próximos que não aceitará coligar-se com o PT nos municípios. “O único pedido que fizemos foi o apoio à Manuela (deputada federal Manuela D’Ávila, candidata à Prefeitura de Porto Alegre) e eles lançaram um nome que não tem sequer peso eleitoral”, reclamou o comunista, referindo-se ao deputado estadual Adão Villaverde.
Outro aliado que está na berlinda com os petistas é o PSB. O secretário de organização do PT, Paulo Frateschi, e o vice-presidente do PSB, Roberto Amaral, fazem a primeira reunião, hoje, para definir em quais cidades as legendas poderão estar juntas em outubro. O PT está desesperado para convencer os socialistas a apoiar Haddad em São Paulo. O presidente do partido e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, reuniu-se com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na semana passada e prometeu que o PSB não vai ajudar o tucano José Serra, mas não assegurou que estará ao lado de Haddad, adiando a resposta para junho.
O PSB espera uma contrapartida do PT. Em João Pessoa, por exemplo, a legenda governa a cidade, com Luciano Agra, mas os petistas lançaram o nome do deputado estadual Luciano Cartaxo, rompendo a parceria – a Paraíba também é governada pelo PSB. Outros aliados procurados pelo PT também estão na muda. “Não dá para tomar nenhuma decisão sem definir nossa situação nacionalmente. Saímos do Ministério (dos Transportes) como bandidos. É a vida de nosso partido que está em jogo. Como ficaremos?”, indagou o presidente nacional do PR, senador Alfredo Nascimento (AM).
Sem egoísmo
O secretário de Organização do PT, Paulo Frateschi, não acha que o partido esteja sendo egoísta ao pleitear a cabeça de chapa nas principais capitais. Ele lembra que a legenda, durante as eleições de 2010, fez um gesto de abrir mão de várias candidaturas aos governos estaduais, na Câmara e no Senado para garantir a vaga de Dilma Rousseff na Presidência e eleger uma base de sustentação mais confortável no Congresso. Segundo ele, no início de 2011, quando os partidos aliados começaram a conversar sobre as eleições de outubro deste ano, todos manifestaram o desejo de ampliar os poderes políticos. Frateschi afirmou que os planos do partido, agora, também passam pela maior inserção nos municípios.