O ministro da Pesca e Aquicultura, Marcelo Crivella, afirmou nesta segunda-feira, em Florianópolis, que os esclarecimentos ao Tribunal de Conta da União (TCU) quanto à denúncia de irregularidades na licitação feita pelo ministério que resultou na compra de 28 lanchas deverão ser, oportunamente, contestadas pelo ex-ministro de sua pasta, Altemir Gregolin. "Ele fez muitas coisas boas enquanto comandou o Ministério. O Gregolin deve esperar as argumentações e fazer suas contestações num prazo de 15 dias", afirmou Crivella. O ministro, porém, não deixou de proteger a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, após ser informado que parte do pagamento à empresa vencedora da licitação foi feito por Ideli quando ocupava a pasta da Pesca e Aquicultura. "Foi uma compra feita antes de ser ministra e se ela pagou, o fez por que era sua obrigação", acrescentou.
A contrapartida à negociação foi o desembolso pela empresa de R$ 150 mil para o comitê de campanha da então candidata ao governo de Santa Catarina pelo PT, Ideli Salvatti, ex-ministra da Pesca e atualmente ministra das Relações Institucionais. O dono da Intech Boating, José Antônio Galízio Neto confirmou, em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, o montante pago ao diretório do PT catarinense que, segundo ele, foi um pedido do ministério.
Conforme relatório do ministro Aroldo Cedraz, "o negócio foi lançado para a Intech Boating ganhar". O edital reproduzia os requisitos técnicos do modelo de estreia da empresa no mercado. "As medidas e padrões de desempenho atendem perfeitamente aos requisitos excessivamente detalhados nos editais dos pregões", diz o relatório. E mais: o aviso de licitação foi publicado em jornal que circula só no Distrito Federal, onde não há estaleiros. A licitação exigia que as lanchas fossem entregues em São Luís (MA) e Belém (PA). O TCU pediu abertura de processo para a recuperação do dinheiro desviado. Ainda conforme o relatório, "a baixa utilização das lanchas revela a antieconomicidade das aquisições e comprova que os gestores do ministério falharam gravemente, uma vez que, mesmo diante das dificuldades encontradas em dar utilidade aos bens licitados, continuaram a ordenar a fabricação de novas unidades. A compra das lanchas foi patrocinada por emendas parlamentares ao Orçamento da União.