O contrato foi renovado em 9 de dezembro, na gestão Agnelo Queiroz (PT), a um custo anual de R$ 494 mil. O acordo passou para a Secretaria de Justiça, comandada pelo delegado e deputado distrital Alírio Neto (PPS). A empresa também tem contrato com o Banco de Brasília (BRB) para criar serviço de autoatendimento. Todos foram feitos com dispensa de licitação.
Segundo o MP, Olímpio é subordinado a Cachoeira na exploração de casas de jogos no Entorno do Distrito Federal. Ele foi denunciado, assim como seus irmãos Raimundo Washington de Sousa Queiroga, Francisco Marcelo Queiroga e Otoni Olímpio Júnior.
“Integrante da quadrilha desde 2004 era o responsável, com a permissão de Cachoeira, por escolher, consentir a presença de pessoas na região de domínio territorial do capo ou excluí-las da atividade, bem como fechar, abrir e transferir pontos de jogos para outros localidades”, define a investigação. Olímpio, segue o texto, atuva como “principal interlocutor entre os exploradores diretos, prestando contas a eles e recolhendo e repassando porcentagens sobre o faturamento bruto arrecadado as casa de jogos, como forma de pagamento pela autorização na exploração da atividade - de 25% a 30% dos rendimentos brutos”.
‘Injetada’
Escutas telefônicas autorizadas pela Justiça mostram como José Olímpio usava empresas para movimentar dinheiro do grupo. Em 17 de janeiro de 2011, Rosalvo Cruz, uma espécie de contador do grupo, e Olímpio conversam sobre a necessidade de dar uma “injetada em uma das empresas do grupo”. O pedido, segundo Olímpio, veio de Cachoeira. “Não, quem me ligou foi o próprio Carlinhos, mas é porque a pendência lá tá, tá quanto a pendência você sabe dizer mais ou menos”, questiona. O valor a que se referem é de aproximadamente R$ 130 mil, segundo a PF.
A Perícia Criminal Federal analisou os principais destinatários e remetentes de recursos das empresas. A Emprodata, além de passar dinheiro paras outras empresas dos Queirogas, transferiu recursos a laranjas. No período analisado, a empresa movimentou mais de R$ 2 milhões.
Uma das formas da movimentação, diz o MP, foi através de Cláudio Kratka. Ele operaria como agiota, como uma espécie de instituição financeira ou como factoring, facilitando a introdução no sistema financeiro de valores milionários. “Desse modo, poderia ser peça auxiliar no ciclo da lavagem de dinheiro quando da aquisição de inúmeros bens móveis e imóveis.” Kratka enviou cerca de R$ 1,3 milhão para as empresas de Queiroga.
Kratka foi funcionário do BRB de 1974 a setembro de 2011. “A consequência dessa intermediação de Kratka indica uma grande operação muito bem estruturada para a lavagem de dinheiro oriundo de uma estrutura criminosa organizada para a corrupção de agentes públicos e exploração de jogos de azar, onde Cláudio cobra 6% para efetuar essa troca”, diz a PF. Estima-se que ele tenha recebido cerca de R$ 200 mil.
O porta-voz do DF, Ugo Braga, disse que o governo vai pedir informações à PF sobre o envolvimento da empresa nas investigações e no suposto esquema de lavagem e abrir auditoria para apurar eventuais irregularidades no contrato e no serviço. O Grupo Estado não localizou Olímpio nem Kratka.