Para aparecer bem na rede social, o candidato não pode ter medo de pôr a mão no bolso. Para adquirir uma conta com 50 mil seguidores no Twitter, terá que dar uma entrada de R$ 1,5 mil e depois pagar três parcelas de R$ 500. Se quiser dobrar esse número, paga entrada de R$ 2,5 mil e três de R$ 1 mil. Além da abertura da conta, o pacote de serviços, segundo Márcio Aurélio, inclui ainda o auxílio para pesquisar pessoas a serem seguidas no microblog, orientação sobre os melhores horários para fazer as mensagens que não podem passar de 140 caracteres, e auxílio para preparação do conteúdo dos tuítes (as mensagens), para que possam ser encaminhados por outros, ampliando sua abrangência. Márcio Aurélio explica, no entanto, que não fica responsável pela operação total da conta, como postagem de resposta aos seguidores, de mensagens e fotos, entre outros. A assessoria do internauta tem duração de seis meses e, ironicamente, não pode ser contactado por meio da internet, só pelo telefone.
Falta de ética
O vereador de Belo Horizonte Adriano Ventura (PT), um adepto do microblog, considera uma falta de ética a compra de seguidores para atrair interessados. Contrariando Márcio Aurélio, Ventura diz que o número de pessoas que o acompanha não é o aspecto mais importante dessa rede social. “O que de fato interessa ao mandato de um político é a qualidade de seus seguidores, pessoas com as quais possa haver troca de ideias, receber críticas e propostas para projeto de lei. “Não resta dúvida de que essa ferramenta nos aproxima de nosso público, que pode acompanhar, em tempo real, como estamos desenvolvendo nosso trabalho”, diz. Ventura afirma que é responsável pela grande maioria das mensagens do microblog e que pede ajuda a sua assessoria somente quando está sem acesso à internet. Ventura, que foi responsável por mais de 21 mil postagens, o que revela uma intensa participação, tem modestos 2,6 mil seguidores.
Batendo na mesma tecla, o pré-candidato à Prefeitura de Belo Horizonte e deputado estadual Délio Malheiros (PV) diz que as redes sociais são hoje fundamentais em qualquer campanha política. Mas ressalta que melhor é a transparência que elas possibilitam aos participantes, já que os eleitores podem saber exatamente o que fazem e onde estão os políticos. Ele também sustenta a tese de que a quantidade de eleitores não traz mais ou menos destaques. “O importante é ter um seguidor de qualidade, formador de opinião e militante da política”, adverte. Ele diz que vários apoiadores de sua campanha decidiram manifestar sua posição, em primeiro lugar, por meio do Twitter. Hoje Délio Malheiros, autor da maioria de suas mensagens, fez 2,8 mil postagens e acumula 1,9 mil seguidores.
Memória - Até projeto de lei é vendido
No balcão da política, muitos negócios vêm mesmo se multiplicando. Um site na internet mantido por José Gilberto de Souza, ex-vereador de Campo Mourão, também no Paraná, põe à venda pacote de projetos de lei para parlamentares interessados em turbinar o mandado sem fazer força. Por apenas R$ 200, o vereador pode escolher o assunto que quer apresentar, numa cartela de opções que reúne educação, saúde, transporte e até mesmo criação de datas comemorativas, uma especialidade de vereadores de todo o Brasil. Em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, um projeto à venda no site de José Gilberto virou lei em 2005. Ele foi apresentado pelo então vereador Carlin Moura (PCdoB), hoje deputado estadual e pré-candidato à Prefeitura de Contagem. O deputado, no entanto, garantiu nunca ter lançado mão do site hospedado no endereço www.projetodelei.com.br.