Para garantir esse capital de troca, Falcão deve confirmar que o partido vai acatar a decisão aprovada por delegados petistas em encontro em 25 de março. Na ocasião, foi aprovada resolução que apoia Lacerda, mas "reitera a não participação de partidos" de oposição ao governo da presidente Dilma Rousseff na coligação. O texto afirma que essa é uma das questões "de natureza fundamental" e que deve ser "obrigatoriamente considerada" para acordos com o PT. Nesta terça, Lacerda confirmou em São Paulo, ao lado do governador de Minas, Antonio Anastasia (PSDB), a presença dos tucanos na aliança.
O problema é que cada ala petista analisa a resolução aprovada pelos delegados de acordo com seu interesse. Na avaliação do presidente do diretório municipal petista e vice-prefeito Roberto Carvalho, a resolução "é clara e redundante". "Se o prefeito e o PSB não derem resposta até o encontro ou ela for negativa, já vamos discutir o nome do candidato à prefeitura", afirmou, referindo-se ao encontro que ocorrerá no próximo domingo e que, em tese, serviria para definir o candidato a vice de Lacerda. "Não acredito que qualquer dirigente vá vir aqui defender aliança com o PSDB. O eleitor de Belo Horizonte não pode ser trocado pelo de São Paulo, porque o partido perde a referência", acrescentou Carvalho.
Já para o presidente do diretório mineiro do PT, deputado federal Reginaldo Lopes, a resolução impõe apenas um veto "político" e não "legal" à participação do PSDB na aliança. "A proposta de alguém perdeu no encontro. E foi a do Roberto. O texto diz que a questão deve ser apenas considerada pelo PSB", ressaltou um dos dirigentes da legenda em Minas favorável ao apoio a Lacerda. Ele descartou uma intervenção da executiva nacional, mas afirmou que o presidente da legenda vai "garantir" que a resolução seja acatada. "Ele (Falcão) vai deixar claro que a decisão terá que ser respeitada", adiantou.