O presidente nacional do PT, Rui Falcão, chegará a Belo Horizonte nesta sexta-feira tendo como principal objetivo garantir em Belo Horizonte a aliança do PT com o PSB, de Marcio Lacerda. Na capital mineira os grupos do PT se dilaceram pela posição de vice na chapa e, no caso do candidato a vice e deputado federal Miguel Corrêa, ainda flerta com o vice-prefeito Roberto Carvalho, defensor da tese da candidatura própria. Para o PT nacional, entretanto, o mais relevante não é a discussão de quem será o vice e sim garantir a reedição da coligação entre PT e o PSB. No plano nacional, Belo Horizonte está no centro das negociações de petistas e tucanos que trabalham uma aliança considerada estratégica para a manutenção do governo federal em 2014.
Em São Paulo, Marcio Lacerda reiterou ontem a presença formal do PSDB na coligação. Em evento promovido pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide), Lacerda disse, ao lado do governador Antonio Anastasia (PSDB), que espera ter uma ampla aliança este ano. “A coligação que pretendemos ter foi desde o primeiro momento dita, que era com o PSDB e com o PT”, considerou Lacerda, lembrando que a sua coligação deverá reunir entre 14 e 15 partidos, assim como ocorreu em 2008. “A cidade aprovou esta aliança, ela está funcionando bem”, disse. Ao mesmo tempo, Anastasia afirmou que o apoio do PSDB a Lacerda independe do PT. “Fomos convidados novamente pelo PSB, que conduz e coordena essa aliança, para a coligação formal. Continuaremos apoiando o prefeito Marcio Lacerda.”
Ao mesmo tempo, em Belo Horizonte, a executiva municipal do PT recebeu nessa terça-feira, de Lacerda uma resposta formal aos documentos encaminhados pelo partido. “Mandamos para o prefeito e para o PSB municipal e estadual a íntegra da resolução aprovada no Encontro de Tática Eleitoral e um documento denominado Diretrizes democráticas, populares e republicanas para o PT de Belo Horizonte nas eleições”, disse Geraldo Arcoverde, secretário-geral do PT em Belo Horizonte e secretário-executivo do Grupo de Trabalho Eleitoral (GTE). “A resposta de Lacerda aos encaminhamentos feitos na resolução, como a exclusão do PSDB e a coligação proporcional, foi de que caberá ao PSB estadual definir as questões colocadas”, acrescentou Arcoverde.
No PT, Arcoverde e Roberto Carvalho mantêm a interpretação de que a resolução só permite a aliança do PT com o PSB se o PSDB estiver de fora. Outros grupos fazem leitura diversa. “O PT de Belo Horizonte optou pela negociação. O que fez foi uma recomendação, que não tem caráter de obrigatoriedade”, diz ex-deputado federal Virgílio Guimarães. “A resolução nem é um pacto de adesão incondicional a Lacerda nem é um ultimato. Ela opta pelo diálogo e pela negociação soberana do PT”, acrescenta ele. Segundo Virgílio, no encontro de domingo o PT vai escolher quem será o vice na chapa de Lacerda, não estando mais em debate a candidatura própria.
Costura para vice
Em meio ao embate de interpretações da resolução, corre a disputa para a vaga de vice. Em aliança com Roberto Carvalho para o apoio ao seu nome, Miguel Corrêa quase alcança a maioria dos 500 delegados. Ao presidente estadual do PSDB, Marcus Pestana, que defendeu o nome do deputado petista para vice na chapa da coligação, o próprio Corrêa voltou a retrucar, cioso de que é no PT que catará os seus votos: “Essa é uma decisão que caberá ao nosso partido”.
Apesar de estar próximo à maioria, Miguel Corrêa enfrenta resistência entre os outros grupos do PT. O deputado estadual André Quintão é o preferido da Articulação. Se ele não se dispor a retirar a pré-candidatura, um nome técnico poderá ser mais facilmente construído. Crescem na bolsa de apostas Marco Antônio Rezende Teixeira, procurador-geral do município, que goza de boa interlocução com o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, e com o ex-ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome Patrus Ananias. Mas surgem ainda os nomes dos secretários municipais de Planejamento, Orçamento e Informação, Paulo Bretas, e de Obras e de Infraestrutura, Murilo Valadares.