Como foi presa política e a primeira chefe do Executivo brasileiro - destacada como social-democrata pela presidente de Harvard, Drew Faust, primeira mulher a comandar a instituição fundada há 375 anos -, Dilma também procurou enfatizar que a democracia ajudou o Brasil a conquistar a posição atual no mundo. "O país hoje tem um grande mérito, é uma grande democracia. É muito melhor as muitas vozes contrárias do que o silêncio das ditaduras", frisou. Durante as perguntas feitas por alunos da instituição, ela comentou que a geração dela sonhava em ser bailarina ou bombeira e nunca presidente da República. "Hoje, vocês podem ser presidentes até de Harvard", disse, em tom mais descontraído.
Nesse contexto, a presidente ressaltou a importância dos Estados Unidos num mundo "multipolar". Lembrou que o país é uma economia flexível, sempre capaz de liderar as crises. "Acredito que temos uma especial relação (com os EUA) porque somos democracias jovens, multilaterais e com várias características culturais e comportamentais semelhantes. Tenho certeza de que essa parceria com os EUA para o século 21 nos interessa."
Para Dilma, num quadro de cooperação bilateral, a educação é fundamental, assim como a estratégia de investir em inovação. "Temos que dar importância a patentes. E o Brasil precisa ampliar a oportunidade de acesso aos mercados e melhorar a qualidade da educação desde a creche", afirmou. Em relação às bolsas de estudo prometidas pelo governo, os imigrantes brasileiros nos EUA ficaram frustrados quando ela falou que eles não serão contemplados com os programas.
Encontro esvaziado A agenda internacional de Dilma segue agitada. Nos dias 14 e 15, ela participa, em Cartagena, na Colômbia, da Cúpula das Américas, onde a ausência de Cuba será um dos temas de discussões. Ela cobrou dos Estados Unidos uma mudança no posicionamento relativo ao país comandado por Raúl Castro, especialmente no veto à participação do país caribenho na cúpula. Dilma chegou a afirmar que o encontro do próximo fim de semana será o último sem a presença da ilha.
O tema foi recorrente durante o jantar que a presidente teve com pensadores norte-americanos na casa do embaixador do Brasil em Washington, na noite de segunda-feira. "Ela conversou sobre vários assuntos e voltou a falar de Cuba. E a conversa foi de altíssimo nível. Acho que foi o ápice da visita de Dilma", contou o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel. Entre os debatedores estavam Thomas Friedman, Condoleezza Rice e Madeleine Albright.