Ao não vetar a participação do PSDB na aliança em torno da reeleição do prefeito Marcio Lacerda (PSB) e não garantir a coligação proporcional com o PT, os socialistas podem provocar um recuo nas negociações com os petistas para a disputa deste ano. Mesmo com a recomendação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da direção nacional do PT para que seja formalizada a coligação com o PSB – independentemente da presença dos tucanos na chapa –, o comando municipal da legenda reúne hoje os 500 delegados aptos a decidir sobre o destino da legenda em outubro, na tentativa de convencê-los a não aceitar a resposta evasiva do PSB.
Na sexta-feira, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, passou o dia na capital mineira e trouxe um recado: o PSB é aliado preferencial dos petistas, com ou sem o PSDB na chapa. Pesa ainda a favor dos tucanos um convite formal já feito à legenda durante encontro em Brasília que reuniu os principais caciques do PSB, inclusive o presidente nacional e governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Além disso, as negociações entre as duas legendas ultrapassam a Prefeitura de Belo Horizonte.
Em troca do apoio ao PSB na capital, o PT espera atitude semelhante dos socialistas em São Paulo e Curitiba, onde lançarão a candidatura do ex-ministro da Educação Fernando Haddad e do deputado federal Dr. Rosinha, respectivamente. Do lado do PSB, a expectativa é de apoio do PT a candidatos em Campinas (SP), Mossoró (RN), Duque de Caxias (RJ) e municípios paulistas como Franca, Taubaté, Taboão da Serra e Itanhaém.
Descontentes Na avaliação de Roberto Carvalho, a interferência da direção nacional em Belo Horizonte é “indevida e autoritária”. Ele ameaça inclusive recorrer ao Judiciário caso necessário. “A direção nacional do PT não tem autoridade para decidir nada aqui. Eles têm que vir é para ajudar os petistas e não o PSB a impor uma aliança com o PSDB. Não vamos nos curvar aos paulistas, que acham que Minas Gerais é um quintal de São Paulo”, reclamou o vice-prefeito. Segundo ele, se preciso for, vai procurar inclusive a presidente Dilma Rousseff (PT) – que até o momento tem evitado interferir em questões eleitorais de seu partido.
Diante do impasse, a pauta oficial do encontro de hoje – escolha do indicado para candidato a vice-prefeito – foi adiada. Outra razão é a guerra armada entre os grupos dos três mais cotados para o cargo: deputados estadual André Quintão, federal Miguel Corrêa Jr. e do ex-deputado federal Virgílio Guimarães. Corrêa Jr. tem o apoio de Roberto Carvalho e, nos bastidores, o temor é de que, se ele não for o escolhido, poderá engrossar o grupo dos descontentes e até mesmo fazer campanha para um adversário de Lacerda.