O PMDB poderá abrir mão de escolher o presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) a ser instalada esta semana para investigar as relações entre políticos e o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, segundo o presidente do partido, senador Valdir Raupp (RO). Em entrevista ao Estado de Minas, ele afirmou que a participação em CPIs “não tem dado popularidade” a parlamentares, diferentemente do que ocorria no passado. Récem chegado aos 46 anos de vida, o PMDB tem como um dos principais desafios eliminar a pecha de partido “fisiologista”. Raupp também apresentou as estratégias do partido nas eleições municipais e disse que em Belo Horizonte a disputa será “dura, mas não impossível”.
Qual será a estratégia do partido nas eleições de outubro?
Acreditamos que podemos crescer. Esse espaço está na organização do partido e na volta da militância. Ela começou a acender novamente, a entrar nos sindicatos, nas universidades, coisa que nós fazíamos 20 anos atrás. Depois que o PT, PDT, e PCdoB começaram a fazer isso, o PMDB perdeu espaço. A ideia é resgatar isso.
Há alguma cidade em especial no radar do partido?
São Paulo. Achamos que nas próximas pesquisas o nosso candidato Gabriel Chalita vai aparecer com 2%. No Rio, está bem encaminhado. Em Belo Horizonte é uma eleição muito dura, mas não impossível.
Como crescer sem entrar em colisão com PT?
A disputa em São Paulo servirá de modelo para o resto do país. Vamos disputar amistosamente, sem agressões.
O crescimento do PSB surpreendeu nas últimas eleições. Acredita que a performance deve se repetir em outubro?
O PSB teve um crescimento nas eleições estaduais, mas não creio que tenha esse mesmo desempenho nas municipais porque os outros partidos estão crescendo também. Deve ficar em terceiro ou quarto lugar no ranking das prefeituras. Acho que primeiro deve ficar o PMDB, segundo o PT, terceiro entre o PSDB ou PSD.
O PMDB nesses 46 anos acabou incorporando uma imagem de fisiologista. Incomoda?
O Michel Temer tem falado muito nesse assunto. Incomoda porque o PMDB é um partido muito grande.
Como apoiar o governo sem ter participação?
Isso dá a impressão que é fisiologismo, mas não é. Acho até que o PMDB está subdimensionado no governo. Isso é reconhecido inclusive pela presidente.
O alto índice de popularidade de Dilma deve ser mantido nos próximo meses?
Sinto dois problemas que não sei se vão chegar a atingir a popularidade da presidente no curto prazo. Mas isso não é critica é um alerta. Estamos tendo um problema de desindustrialização, isso estáevidente. E o problema da infraestrutura que está travada. As coisas estão demorando muito para acontecer. Na área de transporte está uma loucura.
Mas o PMDB, por ser do governo, não faz parte desse problema?
O PMDB não comanda a área de transporte nem de infraestrutura. Estamos no Ministério de Minas e Energia e, modéstia parte, é o setor que está funcionando melhor.
O Congresso deve ter uma semana movimentada com a instalação da CPMI do Cachoeira…
As CPIs deveriam ser para fortalecer o parlamento, mas isso não tem acontecido. Os parlamentares, raras as exceções, que participaram como relatores e presidentes de CPIs não tiveram sucesso.
A falta desse sucesso deve se repetir?
Não sei se vai se repetir, mas as CPIs não têm dado popularidade, trazido dividendos políticos para o Congresso. Não há um entusiasmo, acho que não é tão grande como era no passado, inclusive na oposição.
Qual será a posição do partido? Vai indicar o presidente da Comissão?
As lideranças é que vão se entender nessa questão da indicação.
Então, não está fechado que o PMDB vai presidir a CPMI?
Não. Talvez o PMDB não indique nem o presidente do Conselho de Ética. E cabe ao PMDB fazer isso. Se o Antônio Carlos Valadares (PSB) aceitar permanecer, será aceito.