Jornal Estado de Minas

Briga por vaga esquenta clima na Câmara Municipal de Belo Horizonte

Vereadores do PSB temem perder uma das cadeiras e ameaçam ir à Justiça caso seja levada adiante a coligação com o PT na disputa por vagas no Legislativo da capital em outubro

Leonardo Augusto

Aliado cobiçado para apoiar a reeleição de Marcio Lacerda (PSB) como prefeito de Belo Horizonte, o PT é a noiva pouco atraente se o altar é para formação de chapa na disputa de vagas na Câmara dos Vereadores. As duas principais legendas, PSB e PSDB, que, ao lado dos petistas, defendem a recondução de Lacerda ao cargo, não querem nem ouvir falar na possibilidade de se coligar com o partido da estrela para brigar por cadeiras no Poder Legislativo municipal. A tensão fez com que vereadores do PSB chegassem ontem, no Plenário da Câmara, a ameaçar entrar na Justiça para garantir que a união não ocorra.

O temor tanto do PSDB quanto do PSB é o de ter a bancada reduzida. O chamado “corte”, número de votos necessários para eleger um vereador, será de 8 mil este ano, segundo contas de vereadores dos três partidos. Como o PT tem pelo menos quatro candidatos com chances de atingir o patamar, os outros partidos da coligação tendem a conseguir número menor de vereadores. “Nosso partido, sozinho, consegue fazer seis ou sete parlamentares em outubro. Com o PT, faríamos dois”, afirma o vice-presidente da Câmara, Alexandre Gomes (PSB). A bancada do partido tem atualmente três parlamentares. Ainda conforme cálculos do vice-presidente da Casa, o PT, coligado ao seu partido, conseguiria nove vereadores.

A possibilidade de coligação entre as duas legendas tomou boa parte da sessão de ontem na Câmara, principalmente com os rumores de que o presidente estadual do PSB, Walfrido Mares Guia, teria assinado um acordo com o presidente nacional do PT, Rui Falcão, concordando com a aliança entre os dois partidos na disputa por vagas na Câmara. “Qualquer coligação só será feita se for bom para os dois lados, então, o PSB não se unirá ao PT”, diz Alexandre Gomes.

O colega de partido do vice-presidente da Casa, Fábio Caldeira, falou de um “clima ruim” dentro da legenda com a possibilidade de aliança com os petistas. “Mais da metade dos candidatos do PSB abandonará a disputa de outubro se a aliança para corrida por vagas na Câmara for concretizada.” Em meio às reclamações dos vereadores do partido de Marcio Lacerda, o vereador petista Arnaldo Godoy afirmou, ao fim do pronunciamento de Caldeira, que a aliança havia sido formatada pelo presidente estadual do PSB.

O aperto vivido pelo partido não deixa de soar como uma espécie de troco para a ala petista que não queria a aliança com Lacerda. Se a coligação com o PSB para a disputa por vagas no Legislativo ocorrer, a bancada do PT cresceria usando a legenda do prefeito como uma espécie de bucha de canhão, já que a legenda não tem tantos candidatos com expectativa de receber volume superior a 8 mil votos.

O líder dos socialistas na Câmara, Daniel Nepomuceno, afirma que no congresso municipal do PSB realizado no ano passado ficou definido que o partido não se coligaria com o PT. “Para que isso mude é necessário outro encontro”, argumenta.

Tucanos

Sem amarras com o PT no plano federal, diferentemente do PSB, que será aliado do partido governista em outras capitais, o PSDB tem maior tranquilidade para caminhar ao lado da legenda da presidente Dilma Rousseff na disputa pela prefeitura, mas, ao mesmo tempo, refugar a coligação para a briga por vagas na Câmara. “Já avisei: se for para fechar apenas com o PSB, não há problemas. Mas se o PT estiver, não passamos nem perto”, diz o líder tucano na Câmara, Pablo César Pablito, responsável pelas negociações para formação da chapa de candidatos do partido.