O líder do governo no Congresso, senador José Pimentel (PT-CE), e o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) protagonizaram nesta terça um bate boca em plenário por causa do projeto que acaba com a guerra fiscal dos portos, aprovado na tarde desta terça-feira pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). Contrariando a orientação da bancada, Lindbergh engrossou o coro dos insatisfeitos com a votação imediata da proposta e votou a favor do adiamento para o dia 8 de maio.
O pedido, contudo, foi recusado por apenas um voto. Foi o maior momento de tensão para os aliados durante os debates no colegiado. "A discussão aqui tem que ser global, do pacto federativo", afirmou Lindbergh, antes da votação na CAE. Em plenário, ele repetiu a mesma argumentação favorável a uma nova discussão da matéria.
Lindbergh pediu a palavra para rebatê-lo. "Quero dizer que, antes de membro da base do governo, antes de membro da sua bancada, sou senador pelo Estado do Rio de Janeiro e tenho, sim, meus compromissos, minha responsabilidade com o povo do Estado do Rio de Janeiro. Quero que fique registrada minha discordância do procedimento de vossa Excelência".
Fora do plenário, o senador fluminense se disse irritado com a intenção de Pimentel, lembrando que a matéria não é uma questão de partido, mas sim que faz parte do pacto federativo. E criticou duramente o colega do partido. "O líder do governo é tão fraco que resta a ele agir como um bedel chato. Eu sou senador do PT, mas minha função constitucional é defender o meu Estado. Eu devo, primeiro, compromisso com o meu eleitor do Rio" desabafou.
O governo pretende votar o projeto amanhã em plenário, logo após limpar a pauta de votações trancada por duas medidas provisórias. A Resolução 72 é uma das propostas que o governo federal pretende ver aprovada pelo Congresso para reforçar o pacote de estímulo à economia apresentado há duas semanas pelo Executivo. O governo defende a aprovação do projeto como forma de conter a desindustrialização do País.