Para mostrar que não está envolvido numa "operação abafa" para proteger os parlamentares citados nas conversas com Carlinhos Cachoeira, o PT correu nesta terça para colher assinaturas a favor da CPI tanto no Senado quanto na Câmara. E oposição, que continuou denunciando a tentativa de "a CPI já nascer com cheiro de pizza", também foi atrás de apoio para as investigações. Pelo Planalto, a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) disse que o governo não participará de "nenhuma operação abafa", porque a agenda do Executivo no Congresso é outra: aprovação de projetos como a Lei Geral da Copa e a flexibilização da Lei de Responsabilidade Fiscal para possibilitar a renegociação das dívidas dos Estados.
O senador Aécio Neves (PSDB-MG) reagiu contra a tentativa da base aliada de excluir das investigações da CPI empresas e pessoas ligadas ao governo. "Nós não podemos começar uma CPI tirando ou incluindo de uma forma discricionária A ou B, seja agente público ou agente privado", alertou o senador. "Aqueles que propuseram a CPI têm a responsabilidade de mostrar ao País que querem fazê-la para investigar todas as relações indevidas ou criminosas que ocorreram ao longo de todo o período com esse agente (Cachoeira) hoje citado e preso".
Antes de liberar a assinatura dos seus parlamentares a favor da CPI, o PMDB ainda tentou saber o que o Palácio do Planalto estava pensando a respeito da investigação. O líder no Senado, Renan Calheiros (AL), chamou ao seu gabinete o líder do governo, Eduardo Braga (PMDB-AM). Perguntou qual era a orientação. Braga respondeu: "Não tenho nenhuma orientação".