Cachoeira é casado com a goiana Andressa Alves Mendonça, de 30 anos, ex-mulher do empresário Wilder Pedro de Moraes, suplente do senador Demóstenes Torres (DEM), alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) por suspeita de ligação com o bicheiro e defender no Congresso os interesses da organização criminosa. Se quiser, Cachoeira pode ter nesta quinta sua primeira visita íntima desde que foi preso, em 29 de fevereiro passado, na Operação Monte Carlo.
O contraventor tem como parceiros de cela os irmãos José Olímpio e Raimundo Washington Queiroga, sócios de Cachoeira na exploração de jogos ilegais em Goiás e na região do entorno do DF. A colocação dos três juntos tem um sentido estratégico, segundo fontes policiais ouvidas pelo Grupo Estado. Como são acusados de contravenção - um delito de menor potencial ofensivo - eles podem optar pelos benefícios da delação premiada e se livrar de uma condenação mais pesada.
Nesse caso, eles teriam de entregar todo esquema criminoso, inclusive sua extensa rede de ligações com políticos e membros dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. A defesa nega que a Polícia Federal ou o Ministério Público tenham oferecido a delação premiada. "Não que seja do meu conhecimento", afirmou o jurista Márcio Thomaz Bastos, ex-ministro da Justiça e coordenador da defesa do contraventor. Ele se reunirá nesta quinta com Cachoeira para definir os próximos passos da defesa.
A ala federal da Papuda tem capacidade para 24 detentos, distribuídos em quatro celas, cada uma com seis vagas. Cachoeira chegou a Brasília às 8h05, em voo comercial e às 8h30 deu entrada no presídio, depois de fazer exame de corpo de delito. Ele viajou algemado e em silêncio a maior parte do tempo. Em alguns momentos demonstrou estar deprimido e queixou-se de não ter ido ao enterro da mãe, ocorrido ontem em Anápolis (GO).