Jornal Estado de Minas

Mineira Cármen Lúcia toma posse como presidente do TSE

Diego Abreu Juliana Braga

Dilma Rousseff, primeira mulher no Planalto, abraçou Cármen, a primeira ministra na Presidência do TSE - Foto: Roberto Stuckert Filho 18/04/2012 A ministra Cármen Lúcia tomou posse na noite dessa quinta-feira no cargo de presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em um breve discurso, ela destacou a importância da imprensa para a democracia e ressaltou a necessidade de uma Justiça mais célere no país. Mineira de Montes Claros, Cármen é a primeira mulher a comandar a Justiça Eleitoral brasileira. Magistrada do Supremo Tribunal Federal desde 2006, ela vai acumular funções nas duas cortes.

A nova presidente do TSE ressaltou o fato de ser de Minas Gerais, e durante seu pronunciamento citou mineiros como Guimarães Rosa e Tancredo Neves. Ela destacou que trabalhará para que a Justiça Eleitoral corresponda aos anseios da sociedade. “Quando a Justiça tarda e falha todo o Brasil sofre. E nós juízes somos os primeiros a ter ciência desse descontentamento dos cidadãos com os problemas na prestação da Justiça, especialmente em sua morosidade (...) Mudar esse quadro é o desafio que se põe”, afirmou Cármen.

A ministra fez questão de enfatizar o papel da mídia no processo eleitoral. Segundo ela, a imprensa livre é inseparável da democracia e é uma parceira do Judiciário na concretização da justiça. “Os jornalistas não só acompanham os feitos, mas participam do processo político ajudando a promover o interesse público na divulgação dos fatos, na fiscalização permanente do processo e da atuação da Justiça Eleitoral. Não há eleições seguras e honestas sem a ação livre, presente e vigilante da imprensa.”

Cármen Lúcia frisou ainda que a conduta de cada cidadão é o meio mais importante para o sucesso de uma eleição. “O homem probo ainda é a maior garantia da justiça na sociedade. A eleição mais segura e honesta é aquela em que cada cidadão vota limpo”, disse a ministra. Após o discurso, ela recebeu um caloroso abraço da presidente Dilma Rousseff, que prestigiou a solenidade, assim como governadores, ministros, parlamentares e juristas.

Ficha Limpa


Únicos a discursar antes de Cármen, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Ophir Cavalcante, e o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, ressaltaram durante a cerimônia que a ministra terá o desafio de comandar as eleições municipais deste ano, o primeiro pleito em que estará em pleno vigor a Lei Ficha Limpa. “Liderar as eleições municipais é sempre um grande desafio. Mas a Justiça Eleitoral continua em excelentes mãos”, afirmou Gurgel. O ministro do TSE Gilson Dipp ressaltou que Cármen vai enfrentar uma eleição municipal "pesada". “Ela vai ter que enfrentar uma nova realidade, que é a Lei da Ficha Limpa”, observou.

A nova presidente do TSE substitui o ministro Ricardo Lewandowski, que presidiu o TSE nos últimos dois anos. "Estou convicto de que a ministra Cármen Lúcia, primeira mulher a assumir este honroso cargo, saberá levar avante a tradição de credibilidade, rapidez e eficiência que caracteriza a Justiça Eleitoral", destacou Lewandowski.

De perfil discreto, Cármen Lúcia Antunes Rocha, que completa 58 anos hoje, é especialista em direito administrativo e se destaca por lutar pelo espaço da mulher na sociedade. A ministra iniciou a carreira na advocacia privada, em 1978, e atuou como procuradora-geral do estado de Minas antes de ser nomeada pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a Suprema Corte.