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Estado de Minas

Carlúcio Gonçalves quer ser investigado sobre suspeita de propina pelo Boulevard Shopping

Afastado do cargo de vereador sob suspeita de ter recebido propina para aprovar projeto de shopping, Carlúcio Gonçalves (PR) diz que vai brigar por criação de CPI para apurar denúncias


postado em 20/04/2012 06:00 / atualizado em 20/04/2012 07:33

Vereador afastado Carlúcio Gonçalves (foto: Euler Junior/EM a 20/11/2010 )
Vereador afastado Carlúcio Gonçalves (foto: Euler Junior/EM a 20/11/2010 )
O vereador Carlúcio Gonçalves (PR), afastado desde dezembro do ano passado, conseguiu derrubar no Superior Tribunal de Justiça (STJ) a liminar obtida pelo Ministério Público estadual que o suspendia por tempo indeterminado do cargo e retorna hoje às atividades na Câmara Municipal. “Vou pedir uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para apurar todos os detalhes da construção do Boulevard Shopping”, afirma Carlúcio, que retoma o posto atirando. O vereador foi afastado acusado de improbidade administrativa, por intermediar negociações de cobrança de propina para aprovar o Projeto de Lei 1.600/2008, que autorizava a ampliação da área de construção do Boulevard Shopping, na Região Leste da capital, conforme revelou com exclusividade o Estado de Minas, em 2009.

Para conseguir instaurar a CPI, o vereador precisa recolher 14 assinaturas de seus pares. Ele diz que começará pedindo aos outros acusados de receberem propina que assinem o requerimento. São eles: Geraldo Félix (PMDB), Maria Lúcia Scarpelli (PCdoB) e Alberto Rodrigues (PV), que não foram afastados, mas tiveram a quebra do sigilo fiscal decretado pelo juiz da 3° Vara de Fazenda Municipal, Alyrio Ramos. O outro vereador afastado, Hugo Thomé (PMN) contratou o advogado de Carlúcio, Emerson Prata, para que ele utilize os mesmos argumentos e derrube a liminar que suspende o mandato. “A decisão deve sair em breve”, afirma Prata.

O argumento do advogado para derrubar a liminar foi que o afastamento só deve ocorrer se a parte investigada ocultar provas, ameaçar testemunhas ou tentar de alguma maneira tumultuar o processo de investigação, o que, segundo ele, não é o caso de seus clientes. O mérito da ação ainda não foi julgado.

A decisão do STJ, que devolve Carlúcio à função, foi publicada ontem no Diário Oficial da União (DOU). O vereador não tinha perdido o mandato, mas teve que exonerar todos os funcionários do gabinete e também deixou de receber a verba indenizatória, mas manteve o salário. Os outros acusados, que não são vereadores atualmente, são: Reinaldo Lima (PV), Valdivino Pereira de Aquino (PTC), Vinícius Dantas (PT), Índio (PTN) e Sérgio Silva Balbino (PRP), que, como suplente, está impedido de assumir mandato em caso de vacância.

Em janeiro, quando o presidente da Câmara, vereador Leo Burguês (PSDB), viajou e o vice-presidente, Alexandre Gomes (PSB), assumiu o posto, dois suplentes foram convocados para as vagas de Carlúcio e Hugo Thomé – respetivamente Pastor Maurício (PTN) e Betinho Duarte (PSB). Os suplentes tentaram assumir o cargo, com ação judicial, mas não tiveram sucesso. O episódio, entretanto, deixou mágoas em Carlúcio, que chamou Alexandre Gomes de “deselegante” por ter feito a convocação.

Histórico

O esquema de propina para aprovação da construção do Boulevard Shopping foi revelado pelo então vereador Sérgio Silva Balbino (PRP). Ele sustenta ter participado das negociações, mas depois se arrependeu e entregou todos os envolvidos. O empresário Nelson Rigotto, empreendedor do shopping e acusado de entregar o dinheiro, também assumiu a corrupção para o Ministério Público. Rigotto afirma, porém, que foi extorquido. O pedido inicial dos vereadores era de R$ 2 milhões para a aprovação do projeto. Durante as negociações o valor foi reduzido e o acerto ficou em R$ 320 mil, sendo que somente metade (R$ 160 mil) foi repassada aos parlamentares.


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