‘Besteirol’
“É claro que dessa CPI pode nascer uma nova linha de investigação, revelando que o esquema Cachoeira, além de ajudar uns, trabalhava para macular outros, mas é um besteirol dizer que essa apuração vai apagar outros processos”, disse o governador Jaques Wagner (PT-BA).
Diante das queixas de aliados, Lindbergh foi ontem à tribuna para apontar as falhas do Planalto na articulação política. No seu diagnóstico, falta diálogo não só com os parlamentares, mas com os governadores, que querem renegociar as condições de pagamento das dívidas dos Estados.
“Ideli é muito frágil e o grau de esgarçamento na relação com os governadores é grande”, insistiu Lindbergh. “Há uma ausência de articulação política por parte do Planalto e, por isso, está havendo solidariedade federativa. Nós, do Rio, decidimos não votar nada que prejudique os Estados, independentemente dos partidos.”
A revolta de aliados é o pano de fundo que pode contaminar a primeira CPI importante da gestão Dilma. Nos bastidores, integrantes da base avaliam que a precária negociação diante de temas espinhosos - como a dívida dos Estados, o fim da guerra dos portos e a nova repartição dos royalties - pode incentivar uma reação contra o Planalto.
Petistas dizem que o PMDB, com o senador Vital do Rêgo (PB) na presidência da CPI, tem a faca e o queijo na mão e pode pressionar por mais cargos no primeiro escalão. “Isso não existe. Também somos governo e temos consciência da gravidade de uma CPI como essa”, observou o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), que esteve com Lula nesta semana.
Ideli não quis responder às críticas de Lindbergh. O ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral) disse que não cabe ao governo tratar de CPI. “É assunto restrito ao Legislativo.” O líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), amenizou o clima de desorientação. “O governo tem posição neutra sobre a CPI. Ninguém me pediu para abafar nem desabafar nada.”