Brasília – Antes mesmo da instalação oficial da CPI mista que investigará as relações do bicheiro Carlinhos Cachoeira com agentes públicos e privados, governo e oposição já estão em clima de confronto quanto ao andamento dos trabalhos. O líder do PSDB na Câmara, Bruno Araújo (PE), quer propor a criação de sub-relatorias para facilitar os trabalhos de investigação, já que a comissão nasce com um escopo amplo de envolvidos. Além disso, a medida, se adotada, também evitará um poder excessivo concentrado nas mãos do relator – um petista, que será anunciado na terça-feira. “Mas é importante que os relatores e sub-relatores trabalhem em conjunto”, defendeu ao Estado de Minas o líder do PSDB na Câmara, Bruno Aguiar (PE).
Possível integrante da CPI, o senador Jorge Viana (PT-AC) discorda da proposta feita por Bruno Araújo. Na opinião do petista, implementar sub-relatorias poderá atrapalhar os trabalhos da comissão, pois criará um clima de disputa entre governo e oposição. “Se isso (a divisão) acontecer, será um desastre. Essa CPI não pode ser um acerto de contas”, defendeu Viana.
Para o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ), a proposta não significa, de antemão, que os trabalhos da comissão serão prejudicados. Ele lembrou que o expediente foi adotado durante a CPI que levou ao impeachment do ex-presidente Fernando Collor e surtiu efeito. Curiosamente, Collor é um dos senadores que farão parte da CPI do Cachoeira. “Mas se alguém está pensando que , ao ter uma sub-relatoria, passará a ser dono de um pedaço da CPI, está enganado”, alertou Miro.
Para o deputado Antônio Carlos Magalhães Neto (BA), líder do DEM na Câmara, não haveria nenhum problema se as sub-relatorias fossem adotadas. Mas ele prefere ser prudente para não antecipar disputas enquanto o nome do relator não for definido. “A CPI ainda precisa ser instalada. A partir daí vamos conversar com os demais integrantes do bloco para definirmos nossa linha de atuação”, disse ele.
Longe da polêmica, o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), afirma que o objetivo do seu partido é investigar todas as suspeitas levantadas nas Operações Vegas e Monte Carlo, realizadas pela Polícia Federal. Ele nega que a escolha dos dois deputados peemedebistas para a CPI tenha o objetivo de prejudicar os governos estaduais. Henrique escolheu a deputada Íris Araújo (GO) e Luiz Pitiman (DF). “Pitiman é um empresário que iniciou a carreira política e Íris é vice-presidente nacional do PMDB”, ressaltou. “O PMDB não quer politizar nada. Não vai atacar ninguém gratuitamente, mas também não vamos blindar ninguém”, assegurou.