Ao ser indagado pela Agência Estado se a afirmação dele se chocava com as declarações do prefeito Kassab, que vive apregoando seu estreito relacionamento de trocas com o governo federal, Haddad retrucou: "Estou te passando uma informação que pode ser checada a qualquer hora junto ao Ministério da Educação". "Temos intenção de instalar a Unifesp na zona leste e estamos há três anos negociando a doação do terreno. O Pró-Infância, que é um programa do governo federal que visa a construção de creches no município, tem R$ 250 milhões previstos para a cidade e nós não estamos conseguindo realizar um convênio aqui."
De acordo com ele, o prefeito não aceita o repasse destas verbas por uma visão antiga de como se fazer política. "Política se faz com parceria. Nunca discriminamos ninguém em virtude de razões partidárias porque vereadores, prefeitos e governadores de Estado têm por trás de si cidadãos com os mesmos direitos dos cidadãos de qualquer outra cidade. Então é uma visão equivocada de se fazer política pública", criticou o pré-candidato petista.
Ele disse que comumente se ouve prefeitos e governadores esbravejarem por serem discriminados com bloqueios de verbas da União para os municípios e Estados. "Aqui é o contrário. É a União que está reclamando maior presença no município", afirmou.
No tocante à área da saúde, as críticas do petista foram endereçadas ao governo estadual e se concentraram na intenção do Estado de pleitear a autorização da Justiça para "privatizar" 25% dos leitos hospitalares conveniados ao Sistema Único de Saúde (SUS).
De acordo com Haddad, há um projeto de Lei obstado por uma liminar que tem impedido o governo do Estado de repassar os leitos para a iniciativa privada. "Nós estamos fazendo as contas dos leitos SUS na cidade de São Paulo. E os leitos, independentemente de serem municipais ou estaduais, são insuficientes. Se nós privatizarmos 25% dos leitos estaduais, vai ficar ingovernável para a cidade", criticou o petista. "Já faltam leitos. Se nós abrirmos mão de um quarto deles, vamos colapsar o sistema", alertou Haddad.
O pré-candidato prometeu que vai tentar convencer o Estado a desistir da ideia e se alinhar ao Ministério Público e impedir que isso continue. Para Haddad, apesar de esta ser uma medida adotada na esfera estadual, o prefeito pode intervir tomando partido no Ministério Público. "A Prefeitura não se manifestou sobre isso. Quer dizer, não levou ao conhecimento do Judiciário as consequências para a cidade de se perder um quarto dos leitos do Estado. O Ministério Público entrou com uma tese de princípio constitucional, mas nós queremos levar como contribuição as consequências de uma decisão como essa para a cidade de São Paulo", insistiu o petista.