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Estado de Minas

Investigações comprovam ligações entre empresas e colaboradores do bicheiro com a Delta


postado em 22/04/2012 07:18

De coincidência em coincidência, a Procuradoria da República em Goiás e Polícia Federal foram desvendando onde estão as ligações entre empresas e colaboradores do contraventor Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, com a Delta Construções. Um e-mail, interceptado pelos federais, mostra o total de 13 depósitos da Delta Construções S.A. na conta da empresa Ideal Segurança, que, entre março e julho, somaram o total de R$ 209,8 mil.

De acordo com as investigações, a Ideal Segurança tem o delegado federal Deuselino Valadares como sócio oculto de Cachoeira e de Cláudio Abreu, ex-diretor regional da Delta no Distrito Federal e Centro-Oeste. A movimentação financeira está registrada em planilha assinada pelo gerente financeiro da Ideal, Marcelo Vieira, datada de 10 de agosto do ano passado. Para o Ministério Público Federal (MPF), a Ideal, na verdade, é uma empresa fantasma, criada apenas para a lavagem do dinheiro ilícito da jogatina.

Em trecho de seu relatório, o MPF analisa os elos entre os colaboradores do capo do jogo no Brasil e afirma: “Merece um capitulo à parte a aquisição da empresa Ideal Segurança. Entraram como sócios ostensivos a esposa de Deuselino, Luana Bastos Pires Valadares, detentora de 50% das cotas, e Edson Coelho dos Santos, vulgo Cupim. Por trás, ditando as regras estariam Cláudio Abreu, o próprio Cachoeira, Rossine Aires Guimarães e Deuselino”. Rossine é empresário com negócios em Goiás, Tocantins e Mato Grosso. Em 2010, ele doou R$ 800 mil ao PSDB de Goiás durante a campanha que elegeu o governador Marconi Perillo, que também teria ligações com o contraventor.

FOLHA

Segundo o inquérito da PF, em diálogo interceptado em 17 de agosto do ano passado, às 15h36, Cachoeira conversa com Gleyb Cruz, uma espécie de gerente-financeiro da organização, e cobra dele o repasse de recursos da Delta para o pagamento de despesas da Ideal. Como convém aos chefões, Cachoeira interpela o funcionário: “Quem é que está faltando pagar? É a Delta que está faltando pagar para vocês?”. Em outro trecho, Gleyb informa: “Porque a Delta falou que só paga depois que o INSS estiver pago. O INSS para pagar é R$ 18 mil. Então, a Delta tem que pagar uns cento e tantos mil. E já pagaria a folha e já pagaria tudo. O que eu preciso é só de um respiro aqui para pôr em dia de caixa, aguentar os prazos de recebimento da Delta para pagar”. Para conseguir lavar todo o dinheiro do jogo, Cachoeira usou, além da Ideal, as empresas fantasmas Alberto & Pantoja e Brava Construções, alimentadoras e receptoras de recursos da construtora.

Outros dois funcionários da Delta Construções também trabalham para o contraventor. André Teixeira Jorge, o Deca, segundo a PF, está registrado na Previdência Social como funcionário da Delta, mas atua mesmo como laranja e secretário do contraventor, de acordo com o MPF. As investigações revelaram que ele foi funcionário da Vitapan, empresa de propriedade de Cachoeira, entre 2000 a 2006, sendo que em 2010 foi admitido na empreiteira.

No emaranhado dos sócios e empresas do bicheiro, a procuradoria identificou mais um colaborador em comum entre a Delta e a Ideal: Eney Curado Brom Filho, que apareceu como dono da Ideal, depois que a empresa deixou de pertencer ao delegado da PF Deuselino, que advoga para a Delta. O Estado de Minas não conseguiu contato com a empresa. Desde o início do escândalo, a construtora nega, por meio de nota, qualquer tipo de relação com o esquema de Carlos Cachoeira e alega que há uma auditoria em curso nos escritórios da Região Centro-Oeste para apurar possíveis irregularidades.


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