Nas conversas, o delegado é chamado muitas vezes de F ou apenas de Fernando. Os tenentes da Polícia Militar na folha de pagamento do contraventor eram chamados de T nas conversas e na contabilidade. O senador por Goiás Demóstenes Torres (sem partido) é chamado por Cachoeira de Gordinho, referência ao tempo em que o parlamentar era obeso – há dois anos ele fez uma cirurgia de redução de estômago .
O sargento aposentado da serviço de inteligência da Aeronáutica, Idalberto Matias, o Dadá, araponga do grupo, chamava os cassinos e casas de bingo de “pizzaria”. As casas tinham também o apelido de igreja e farmácia. Todas as vezes que um carro de polícia rondava uma das casas do bicheiro os policiais ligados ao bando de Cachoeira alertavam alguém do esquema sobre uma possível operação policial. “Tá cheio de barca”, avisa um policial para Lenine Araújo, segundo homem na hierarquia da organização criminosa, braço direito de Cachoeira, se referindo a uma viatura policial. O próprio Lenine era chamado sempre pelo apelido de Baixinho.
Na contabilidade da organização comandada por Cachoeira a propina paga regularmente aos policiais e delegados da Polícia Civil de Goiás e também da PF tinha o código de “assistência social”. Nas conversas, algumas vezes era chamada de “salada”. O delegado da Polícia Civil de Goiás, Niteu Chaves Júnior, acusado de integrar o bando de Cachoeira, chama Lenine Araújo sempre de “padrinho”. (AM e MCP)
Dicionário do crime - Códigos usados pelos integrantes da organização criminosa de Carlinhos Cachoeira em diálogos gravados pela Política Federal
Homem e Zero 1 – Carlos Cachoeira
Pizzaria, igreja e farmácia – Casa de jogos, cassino ou bingo
Barca – Viatura policial
Salada – Propina
Assistência social – Termo usado nos relatórios de contabilidade para descrever o dinheiro pago a policiais
Meninas, copinha e geladeira – Máquinas de caça-níquel
Caneta – Jornalista