Na opinião de Maia, é preciso que haja uma investigação "Estado por Estado" sobre os contratos com a construtora Delta, mas é preciso avaliar como as obras serão concluídas caso a empreiteira seja classificada como "inidônea" pela Controladoria Geral da União (CGU). "Tudo tem de ser levantado para ver de que maneira se faz a transição. Se licitam novamente? Como se substitui a empreiteira?", ponderou.
Maia lembrou que a Delta passou a prestar serviços à Prefeitura do Rio a partir de 2002, durante sua gestão. "Eles entraram de forma muito agressiva, para ganhar o mercado. Para nós foi bom porque os preços baixaram", contou. O ex-prefeito levantou dúvidas sobre o grau de relacionamento entre o governador fluminense, Sérgio Cabral, e o dono da Delta, Fernando Cavendish. "Tenho dúvidas se não é um caso de cruzamento de interesses", questionou. "Que as relações deles iam além da mera amizade, não tenho dúvidas. A queda do helicóptero (em 17 de junho de 2011) mostrou, na tragédia, o nível de intimidade que se tinha", comentou.
Cassação obrigatória
O cacique do DEM também defendeu a cassação do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) por sua ligação com Cachoeira. "Não sei se o senador Demóstenes cometeu algum delito mas que ele faltou com o decoro parlamentar, não há nenhuma dúvida. (A cassação dele) é obrigatória", afirmou. Demóstenes responde a processo de cassação no Conselho de Ética do Senado por quebra de decoro parlamentar.
No início do mês, Demóstenes anunciou sua desfiliação do DEM para escapar de uma provável expulsão. Nesta segunda, o senador José Agripino Maia (RN), presidente nacional da sigla, ressaltou que a cassação de Demóstenes será uma decisão colegiada e que, por essa razão, não emitiria sua opinião. "Não adianta manifestar minha posição individual", desconversou.
De acordo com Cesar Maia, nos bastidores já surgem novos personagens no escândalo envolvendo Cachoeira. "Há uma pressão para não se vazar os outros grampos", revelou. O ex-prefeito acredita que, com a mobilização da opinião pública e a cobrança por resultados, a CPMI conseguirá acesso a todo inquérito da Polícia Federal. "O caso Cachoeira é um caso mafioso, para usar essa expressão, e que é tupiniquim", resumiu.