Brasília – A enxurrada de denúncias contra a Delta provocou mudanças no comando da empreiteira. O empresário Fernando Cavendish, no foco do escândalo, resolveu deixar a presidência do conselho de administração da construtora. O diretor-executivo, Carlos Pacheco, seguiu o mesmo caminho. À tarde, o novo presidente da Delta, o executivo Carlos Alberto Verdini, foi pessoalmente ao Senado Federal. Cercado por jornalistas, fugiu da maioria das perguntas e repetiu diversas vezes que a empresa vai colaborar integralmente com as investigações. Em meio ao tumulto ocasionado pela visita surpresa, ele entregou documentos na Presidência do Senado Federal e, em seguida, protocolou a papelada na CPI do Cachoeira. Verdini não quis se pronunciar sobre o teor da documentação, mas o presidente da CPI do Cachoeira, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), disse que eles reúnem apenas informações sobre a empresa que são de domínio público, como seus balanços contábeis e detalhes de suas atividades.
“A caixa com documentos é um comunicado à CPI contendo um histórico da empresa, dizendo que nos últimos meses sofreu investigações, e lista as providências tomadas pela Delta. Tem balanços contábeis da empresa e seu portfólio, tudo de domínio público", afirmou Vital do Rêgo. Segundo ele, o conteúdo estará disponível na página da CPI na internet depois que for digitalizado.
Demonstrando bastante desconforto com as perguntas dos repórteres, Verdini silenciou sobre a prisão do ex-diretor da Delta no Centro-Oeste Cláudio Abreu, em Goiânia, na Operação Saint-Michel, um desmembramento da Operação Monte Carlo, que desmantelou a organização criminosa comandada pelo contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Verdini ficou calado também quando questionado se estaria disposto a depor na CPI. O novo presidente da Delta chamou a atenção dos jornalistas porque chegou ao Senado carregando uma caixa com a logomarca da empresa, acompanhado pelo advogado José Luiz de Oliveira, o mesmo que defendeu, em 2005, no caso do mensalão, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. “A documentação que trago aqui será útil para a CPI. A Delta se coloca à disposição das investigações. O principal objetivo é preservar os 35 mil colaboradores (funcionários) e os 50 anos da empresa no mercado. Precisamos manter a Delta em funcionamento”, justificou Verdini. Ele não falou sobre o afastamento de Fernando Cavendish.
Requerimentos
O senador Fernando Collor (PTB-AL) defendeu a convocação do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, para prestar esclarecimentos sobre as operações Vegas e Monte Carlo, além de explicar a demora de quatro anos em pedir a abertura de inquérito ao STF. O presidente da CPI, Vital do Rêgo, e o relator, Odair Cunha (PT-MG), vão visitar Gurgel para convencê-lo a comparecer, evitando o constrangimento de uma convocação.