Após terem se reunido, no fim do ano passado, para discutir o problema da corrupção no Brasil, um grupo de mulheres paulistanas voltou a se encontrar nesta quarta para um novo ato de protesto: pedir que o Supremo Tribunal Federal (STF) julgue, ainda neste semestre, o processo do mensalão.
Lideradas pela psicanalista lacaniana Maria Cecília Parasmo, dez representantes da sociedade civil passaram a tarde desta quarta em um prédio nos Jardins, na capital, debatendo o assunto. “Nós temos que sair, gritar, berrar: ‘Ministro (Ricardo) Lewandowski, ponha a mão na consciência e devolva o processo para que seja colocado em julgamento’”, bradou Sileni Rolla, do Movimento Mulheres da Verdade. Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), é o revisor do processo e deve liberar seu voto para que o caso possa ser julgado.
Para dar consistência à manifestação, o grupo - batizado de “Ação pela Cidadania” - tentou, sem sucesso, falar com dois ministros do STF pelo telefone: o atual presidente da Corte, Carlos Ayres Britto, e Joaquim Barbosa, a quem Maria Cecília chamou uma ou duas vezes, de Ruy Barbosa.
Recados. Enquanto o grupo deixava recados a assessores e secretárias dos gabinetes, os ministros estavam reunidos no plenário para julgar a questão das cotas raciais nas universidades brasileiras.
As mulheres, no entanto, não se abalaram e prometeram uma ida à Brasília para tentar audiência com os membros da Corte. “Já temos umas 15 pessoas dispostas a ir”, disse a advogada Raquel Alessandri. “Já imaginou? Vai ser o povo tomando Brasília.”
A proposta do movimento é a de que o dinheiro público supostamente desviado pelo mensalão, se recuperado, seja usado em obras sociais, como a construção de creches e hospitais. “Eu não quero aquelas pessoas todas presas. Eu quero a verba que foi desvirtuada”, afirmou Maria Cecília.