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Estado de Minas

Serra nem me estende a mão, diz Chalita sobre tucano

Apesar de afirmar que não pretende pautar sua campanha pela crítica, mas sim em valores como a ética e o respeito ao ser humano, Chalita disse que o oponente tucano não demonstra vontade de ser prefeito


postado em 27/04/2012 15:07

O candidato Gabriel Chalita já elegeu quem será o seu maior adversário neste pleito. Em entrevista concedida nesta manhã, Chalita falou que mantém boas relações com personalidades políticas de diversas correntes, desde o ex-presidente petista Luiz Inácio Lula da Silva até o governador tucano Geraldo Alckmin, mas que tem um grande desafeto no meio político: o ex-governador José Serra, que será seu adversário do PSDB nessa corrida eleitoral. "Os candidatos têm que ser sinceros, não esconder as coisas. Esse (Serra) é um desafeto, eu assumo." E complementou: "Ele não me cumprimenta. Se vou cumprimentar, ele nem me estende a mão."

Ao criticar o tucano, Chalita invocou o discurso de posse da presidente Dilma Rousseff, com quem tem boa relação pessoal, para dizer que o homem público precisa ter maturidade política para respeitar, inclusive, seus adversários e pensar em prol da população. Na entrevista, o peemedebista disse que está preocupado que a campanha municipal em São Paulo tenha um foco nas críticas e ataques, em vez de se centrar em propostas. "Na campanha presidencial isso aconteceu. Não foi bom pra ele, não foi bom pro Brasil", disse, numa referência ao episódio ocorrido o segundo turno da campanha presidencial de 2010, quando tentaram associar a imagem de Dilma ao aborto e a posições antirreligiosas. Foi justamente por conta desse imbróglio que Chalita (então filiado ao PSB), foi chamado pelo comando de campanha petista para apagar este incêndio e, desde esse período tornou-se próximo de Dilma.

Apesar de afirmar que não pretende pautar sua campanha pela crítica, mas sim em valores como a ética e o respeito ao ser humano, Chalita disse que o oponente tucano não demonstra vontade de ser prefeito, pois não discute os problemas da cidade e está focado na sucessão ao Palácio do Planalto: Ele (Serra) pôs na cabeça que um dia ele tem de ser o Presidente da República." E criticou: "Usar de novo a cidade para isso é um exagero", numa referência ao fato de José Serra ter deixado a Prefeitura em 2006, dois anos depois de ter sido eleito, para disputar o governo do Estado, mesmo tendo assinado um compromisso, na campanha municipal, dizendo que cumpriria o mandato até o final. "Eu acho que os candidatos têm de ser sinceros, não esconder as coisas", alfinetou.

Ainda atento ao concorrente do PSDB, Gabriel Chalita citou que nos textos e discursos de José Serra, o único ponto debatido é a administração federal. "Pra ele, a eleição de São Paulo é o terceiro turno das eleições presidenciais. Eu espero que de fato ele tenha essa elegância de discutir a cidade de São Paulo." Além de Serra, o pré-candidato do PMDB também não poupou críticas à atual gestão municipal de Gilberto Kassab (PSD), aliado de Serra neste pleito: "O Kassab começou bem, mas depois esqueceu (de administrar) a cidade, pois teve como foco a criação de seu partido."

Na entrevista à Estadão/ESPN, Chalita disse que falta "foco" à atual administração municipal em São Paulo. E que o prefeito Kassab estabeleceu muitas metas que foram deixadas de lado, sem execução. "Ele (Kassab) não entregou os três hospitais que prometeu. Eu quero entregar o que prometi", disse, frisando: "Eu não quero ter nenhum ponto do programa que não seja possível de ser cumprido. Eu não quero um dia terminar o meu mandato e as pessoas falarem assim 'nossa, mas o seu plano de metas, você cumpriu um terço'. Eu quero terminar o mandato tendo cumprido o plano de metas e, se alguma coisa não der pra cumprir, eu ter a humildade de falar para a população esse ponto não deu pra cumprir por conta de problemas que vieram depois no planejamento."

Católico praticante, Chalita foi questionado se o forte vínculo com a igreja católica poderia ajudar ou atrapalhar sua busca por votos. "Ajuda. Não tenho preconceito contra nenhuma religião. Dou palestras em escolas judaicas, dou aulas no Mackenzie, que é uma universidade presbiteriana, tenho muito respeito pelo trabalho das igrejas evangélicas em São Paulo. São Paulo tem essa marca: é uma cidade múltipla, são muitas em uma." E continuou: a fé, disse, apenas deixa claro seus valores. "O fato de eu ser católico ajuda nos valores que eu trago da igreja, de ética e respeito ao ser humano."

Terceira Via

O pré-candidato Gabriel Chalita negou a possibilidade em abrir mão de sua candidatura em favor da chamada "terceira via", discutida pelos pré-candidatos do PCdoB, Netinho de Paula, e do PRB, Celso Russomanno, para tentar fazer frente à polarização de PT e PSDB nas eleições na Capital. Apesar das declarações recentes de Netinho e Russomanno, de que as discussões estão avançadas nesse sentido, ele afirmou que no primeiro turno um acordo que envolva sua desistência da cabeça de chapa está descartado, mas que essas legendas podem se unir num eventual segundo turno.

O peemedebista também questionou se existe de fato uma polarização na cidade de São Paulo. "Nas últimas eleições, Geraldo Alckmin e Marta Suplicy (senadora pelo PT) disputaram pelo PSDB e PT e quem ganhou foi o Kassab, correndo por fora", citou. E recomendou que os outros pré-candidatos também não abram mão de seus pleitos: "E recomendo que nenhum outro candidato o faça, pois quanto maior o número de candidatos, melhor para o fortalecimento da democracia e nessas discussões é possível que apareçam bons projetos para a cidade". Apesar da recomendação, Netinho e Russomanno levarão a proposta, na semana que vem, ao vice-presidente da República, Michel Temer, presidente licenciado do PMDB. Eles argumentam que uma candidatura unificada teria mais chances de contrapor a polarização entre PT e PSDB.

Chalita foi o quinto pré-candidato à Prefeitura de São Paulo a participar da série de entrevistas sobre eleições municipais, promovida pelo Grupo Estado. A primeira entrevistada foi Soninha Francine, do PPS, (dia 17), seguida de Fernando Haddad, do PT, (dia 18), de Celso Russomanno, do PRB (dia 20) e de Netinho de Paula, do PCdoB, (dia 25). O pré-candidato do PSDB, José Serra, será o sexto a ser entrevistado e está confirmando a data de sua participação.


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