Brasília – Encarregado de redigir o parecer que definirá a abertura de processo de cassação de mandato do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), o relator do caso no Conselho de Ética do Senado, Humberto Costa (PT-PE), diz que as recentes revelações podem fazer parte de um possível processo de perda de mandato contra o senador goiano. O contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, teria feito pagamento de R$ 100 mil, em dinheiro vivo, a um assessor de Demóstenes. Os dados, no entanto, ainda não farão parte do relatório que será entregue por Costa na semana que vem. “Nesta primeira etapa, de abertura do processo, isso não será levado em conta. Só indicarei a abertura se houver indícios de quebra de decoro parlamentar da parte do senador”, disse Costa.
De acordo com reportagens, relatos da PF na Operação Monte Carlo indicam que Cachoeira entregou R$ 100 mil a um assessor de Demóstenes Torres, o policial militar Hrillner Ananias, cedido pelo governo de Goiás para auxiliar o senador. Humberto Costa começou ontem a redigir o relatório que deverá apresentar aos integrantes do colegiado no Senado na quinta-feira. A votação do parecer está prevista para 8 de maio.
Cassação
As ligações entre Carlinhos Cachoeira e parlamentares são objeto de investigação na CPI mista instalada nesta semana pelo Congresso. Para integrantes da comissão, os novos fatos trazidos à tona pela Polícia Federal devem aumentar a pressão sobre a CPI por uma punição a Demóstenes. “É mais um agravante na situação do senador”, reconhece o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), titular da CPI.“A transparência, a revelação desse tipo de informação é o que mais pressiona uma investigação como essa. Certamente estamos diante de uma demonstração de que no inquérito da Polícia Federal existem muito mais informações relevantes do que as reveladas até agora”, avalia o senador Alvaro Dias (PSDB-PR), também membro da comissão.
A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de autorizar o acesso da CPI e do Conselho de Ética aos autos da investigação que apura as ligações entre Demóstenes Torres e Carlinhos Cachoeira, com base na Operação Monte Carlo aumentou a expectativa de que posição semelhante seja adotada pela Procuradoria Geral da República (PGR). A comissão solicitou à PGR informações da Operação Vegas, da PF. “A autorização do Supremo é um sinal de que esse tipo de medida pode ser tomada de forma rápida, de que não há impedimentos para a libearação dessas informações”, disse Vaccarezza. “Vamos esperar que até a próxima quarta-feira a PGR se manifeste.”