Petistas também pretendem questionar Gurgel sobras as razões que o levaram a não pedir abertura de inquérito contra o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), ao contrário do que fez com o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT). “O Perillo pediu para ser investigado, o Gurgel não se antecipou. Isso só piora a situação dele na CPI”, apontou um petista que integra a comissão.
Outro esclarecimento que petistas pretendem pedir diz respeito ao reatamento de relações com Demóstenes, em meados do ano passado. O senador havia, em junho de 2011, criticado duramente o Gurgel por ter arquivado uma representação assinada pelo parlamentares contra o ex-ministro da Casa Civil Antonio Palocci. Na ocasião, o senador afirmou à imprensa que Gurgel se “acovardou” e o acusou de ter tomado a decisão para facilitar sua recondução ao cargo de procurador-geral, já que seu mandato expirava no mês seguinte.
Mais um fato pode ser negativo para Gurgel: no início de maio do ano passado, ele recebeu em seu gabinete Demóstenes e o irmão, Benedito Torres, que trabalharam pela indicação de Tito Amaral para o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). O encontro, confirmado pela PGR, teve êxito e Tito recebeu a indicação de Gurgel. Na semana passada, o Estado de Minas mostrou que Tito foi assessor de Demóstenes na Procuradoria-Geral de Justiça de Goiás, na Secretaria de Segurança Pública do estado e se instalou no gabinete do senador de terça a quinta-feira durante nove anos, quando foi designado pelo MP goiano para acompanhar trabalhos de interesse do órgão. Na manhã de quarta-feira, o presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), e o relator da comissão, deputado Odair Cunha (PT-MG), vão visitar Gurgel para convidá-lo a ir à CPI. (Colaborou Gabriel Mascarenhas).
À disposição
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, disse ontem, em Campinas (SP), que nunca se encontrou com Carlinhos Cachoeira, mas que está “absolutamente à disposição” para dar explicações sobre a menção feita a ele na Operação Monte Carlo da Polícia Federal, na qual o contraventor foi preso. Segundo padilha, é seu papel como ministro ter contato com a indústria farmacêutica. De acordo com a PF, Cachoeira é dono oculto de um laboratório e controla um instituto que reúne grandes empresas da área farmacêutica, entre outros negócios vinculados ao jogo do bicho. "É meu papel ter contato com a indústria farmacêutica, assim como receber um senador quando ele solicita uma audiência formal. Foi esse o meu contato, nunca conheci ou encontrei com Carlos Cachoeira ou Wladimir Garcez (ex-vereador do PSDB de Goiânia e auxiliar de Cachoeira), nem recebi ninguém a pedido deles", disse.