O suposto cessar-fogo, que tecnicamente começou em 12 de abril, tem sido desrespeitado diariamente, e a União Europeia expressou ontem grande preocupação com o constante derramamento de sangue. O Observatório disse que quatro civis também foram mortos por forças de segurança neste sábado, dois na província de Damasco e cinco na de Idlib, no norte.
Um editorial publicado no jornal estatal Tishrin, da Síria, afirmou que o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, está estimulando ataques de militantes ao concentrar suas críticas no governo. O comentário surge um dia depois de Ban ter dito que a repressão contínua do presidente sírio, Bashar al Assad, contra os protestos no país chegou a um "estágio intolerável".
O Tishrin disse que Ban evita discutir a violência dos rebeldes, favorecendo os "ultrajantes" ataques contra o governo sírio. A capital do país foi atingida por quatro explosões na sexta-feira matando pelo menos 11 pessoas e deixando dezenas de feridos. O governo Assad atribuiu ataques a "terroristas", termo que o governo usa para descrever as forças de oposição, que afirma estarem conduzindo uma conspiração estrangeira.
O ataque verbal ao secretário da ONU causou mais preocupações de que Assad esteja ganhando tempo para evitar um plano que poderia forçá-lo a deixar o poder. Sob o plano do enviado especial da ONU, Kofi Annan, o cessar-fogo deve ser seguido pela entrada de 300 monitores da organização e negociações entre a oposição e Assad sobre o futuro político da Síria. O chefe da equipe de observadores, o major general norueguês Robert Mood, deve chegar em Damasco amanhã para assumir o comando, afirmou o porta-voz Neeraj Singh.
No Líbano, autoridades confiscaram armas encontradas num navio interceptado na costa e deteve 11 tripulantes. O barco supostamente levaria armas aos rebeldes da Síria e teria saído da Líbia e parado no Egito.