Em várias oportunidades, o deputado, vice-líder do governo até assumir a relatoria, atuou para evitar a convocação de ministros investigados por corrupção. Recentemente, cochilou e caiu na sua conta a convocação da ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvati, para explicar, na Câmara, o episódio envolvendo a compra irregular de lanchas. Levou um puxão de orelhas, mas, pelo seu perfil, seguiu prestigiado. Relatou matérias importantes. Destacou-se como relator da PEC 61/2011, que trata da Desvinculação dos Recursos da União (DRU).
Na sua primeira declaração pública como relator, foi mais Odair do que nunca. Deixou bem claro que a condução da CPI mista está alinhada com o que deseja o Planalto. "Temos que ter clareza de que estamos investigando Carlinhos Cachoeira e suas relações. Não é uma investigação que necessariamente vá para cima do Planalto ou qualquer membro do governo. Queremos investigar o fato determinado que originou a CPI", disse. Em seguida, usou a expressão "doa a quem doer" para justificar uma possível mudança de foco das investigações e amenizar o tom da declaração anterior. Inicialmente, afirmou que não via problemas em ser vice-líder do governo e relator da comissão mista ao mesmo tempo. "Não sou nem mais nem menos governista do que qualquer deputado do PT." Na quinta-feira, a assessoria do deputado informou que ele não era mais vice-líder.
Indicação
Pelos serviços prestados ao governo ao longo dos anos, Odair ganhou o direito de indicar, em 2008, o diretor de Furnas. Colocou no comando da hidrelétrica Luiz Fernando Paroli Santos e conseguiu investimentos da estatal em programas sociais no Sul de Minas, seu reduto eleitoral. O Estado de Minas mostrou, em maio do ano passado, que o número de votos do parlamentar, após ter indicado o diretor de Furnas, foi turbinado. Em sua primeira eleição, em 2002, Cunha se elegeu com 34.846 votos. Na legislatura seguinte, foi reeleito com 87,1 mil e saltou para 165.644, em 2010. Um crescimento no número de eleitores de 365%.
Quando foi eleito deputado federal pela primeira vez, Cunha tinha apenas 27 anos. Antes, havia sido diretor da Rádio Difusora de Campanha e assessor da deputada estadual petista Maria Tereza Lara. Atualmente, é membro da executiva estadual do partido em Minas e coordenador da tendência Articulação no estado. Em Belo Horizonte, fez coro com petistas que defendiam o apoio à reeleição do prefeito Márcio Lacerda (PSB, contrários à participação do PSDB na chapa. "O PSB é nosso aliado estratégico em diversas capitais do Brasil e queremos manter essa união em Belo Horizonte, mas sem o PSDB", diz Cunha.
Ligações
Em âmbito nacional, o deputado federal é integrante da tendência Construindo um Novo Brasil (CNB). É bastante ligado a Luiz Dulci e Patrus Ananias, ex-ministros do governo Lula. No governo Dilma, é próximo à ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, e ao ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel.
No seu segundo mandato na Câmara dos Deputados, em 2008, Odair foi escolhido para compor a Mesa Diretora da Casa. Exerceu o cargo de terceiro-secretário até o fim da Legislatura, em fevereiro de 2011. Hoje, é titular da Comissão de Constituição e Justiça e Cidadania, suplente na Comissão de Fiscalização e Controle, co-presidente da Frente Parlamentar em defesa da cafeicultura e do Grupo Parlamentar Brasil-Estados Unidos e integra a Frente Parlamentar em apoio à mídia regional e o recém-formado grupo de trabalho destinado a analisar a dívida dos estados com a União.