Segundo o parlamentar, a principal dificuldade relativa aos trabalhos será o montante de dados a analisar e de suspeitos a ouvir. "É tanto nome que o jeito seria colocar em um pote e, aleatoriamente, sortear um", disse. "Não quero interferir, porque a decisão é do relator, mas, em minha opinião, seria importante colher mais algumas informações e ouvir pessoas importantes que estão na lista de contatos do Cachoeira para depois ouvi-lo, com mais subsídios, para uma abordagem mais contundente."
Maia afirma que os trabalhos serão divididos com o objetivo de acelerar as investigações. "Vamos conduzir os trabalhos em duas linhas, a dos negócios em si e a dos contatos e de seus impactos nas esferas pública e privada." O presidente da Câmara, porém, faz uma ressalva: a falta de foco pode tirar a eficiência da comissão. "Atirar para tudo quanto é lado é um bom jeito para que a CPI não dê em nada."
Transparência
De acordo com o parlamentar, a criação da CPMI já começou a ter consequências. Maia afirma que a presidente Dilma Rousseff determinou que todos os contratos do governo federal com a Construtora Delta, uma das supostas beneficiadas pelo esquema gerido pelo contraventor Carlinhos Cachoeira, sejam publicados na internet. A medida teria por objetivo dar transparência às operações da construtora com a União. De acordo com ele, a presidente tem acompanhado "de longe" os trabalhos da CPMI.
Para ele, a postura do Executivo tem sido a de deixar os trabalhos andarem "sem interferências". "Dilma tem muita gordura para queimar", afirmou Maia, referindo-se à credibilidade da presidente com a opinião pública.
O vice-presidente Michel Temer (PMDB), também presente ao Fórum de Comandatuba, reforça a distância do Executivo com as investigações da CPMI. "O governo não entrou nesse processo, que é de competência do Congresso", disse. "Não estamos preocupados, a CPI não vai atrapalhar o governo."
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, porém, cobra punições efetivas para quem for condenado por corrupção e alteração no sistema político, para que casos como esse sejam evitados.
"Temos tido escândalos desse tipo de forma cíclica e todos os fatos que cercam este caso são impressionantes e impactantes, é preciso que os culpados sejam punidos não só com cadeia, com privação da liberdade, mas com perda dos bens", avalia. "Este é um dos casos que nos fazem parar para uma reflexão: será que o sistema político atual, com campanhas tão caras, não facilitam isso? Entendo que sim."