O magistrado reconhece que o assunto é de difícil equação do ponto de vista político. Mas, a sete meses do fim do prazo, o governo federal ainda não sinalizou qual proposta deve apoiar. Apesar de várias propostas em discussão, a Câmara e o Senado tampouco abençoaram uma delas para dar prioridade.
A aprovação de uma nova regra do FPE ganha contornos políticos delicados em 2012, ano de eleições municipais. Tradicionalmente, o Congresso entra em recesso branco por três meses. Terá de ser aprovado um projeto de lei complementar, que exige o aval de metade mais um dos parlamentares das duas Casas Legislativas. "Eles têm que achar uma solução", afirmou esse ministro do STF.
Os líderes governistas do Senado têm sinalizado que a discussão sobre uma proposta do FPE só ocorrerá depois que os aliados aprovarem outras duas matérias que estão na pauta: a tributação do comércio eletrônico, emenda constitucional que deve ir à votação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) no Senado na quarta-feira (a matéria tem um longo caminho a percorrer na Casa e na Câmara) e um projeto que altera para a Selic o indexador das dívidas dos Estados com a União, em discussão na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.
O atual critério, declarado inconstitucional, garante a Estados com menor base tributária, como Amapá, Roraima, Acre e Tocantins receberem um grande aporte de recursos da União, chegando até a 50% da receita deles. As regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste dispõem de 85% dos recursos, enquanto Sul e Sudeste ficam com 15%. Para São Paulo, por exemplo, o FPE não representa sequer 1% da receita.
Para o ministro do STF, o critério a ser adotado tem que ter alguma margem de "revisibilidade". "Se você olhar, o PIB das regiões mudou muito", avaliou o magistrado, que preferiu não sugerir quais variáveis os congressistas deveriam levar em conta para estabelecer uma nova fórmula de rateio.