Afinado com o colega que também foi afastado, Carlúcio debitou na conta de uma possível articulação política as denúncias. Ele acusou o vereador Alexandre Gomes, que na época ocupava a presidência da Câmara, devido ao período de férias de Léo Burguês (PSDB), presidente em exercício, de ter agido de forma pessoal e política para antecipar o processo para nomear os suplentes. “Quer meu mandato, vai pra urna”, esbravejou. O parlamentar também enfatizou que sofreu “desgaste com familiares e eleitores”. Para comprovar a inocência, Carlúcio disse que está colhendo, entre seus pares, assinaturas para instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o processo de aprovação do projeto que levou ao afastamento dele. “Já tenho cinco assinaturas”, anunciou.
Para se justificar, Gomes disse que a decisão de convocar os suplentes foi sustentada por todos os membros da Procuradoria da Câmara Municipal e que não houve motivação política nem pessoal. “Em nenhum momento foi tomada decisão solitária, mas solidária”, disse. “Quem afastou foi a Justiça. No meu entendimento ela foi dura. Afastar é motivo de muita intensidade”, completou. Ainda segundo o socialista, a falta de dois vereadores estava prejudicando o andamento das votações, já que, do total de 41 parlamentares, apenas 38 tinham poder de voto.
Entenda o caso
Os vereadores Hugo Thomé e Carlúcio são acusados de intermediar negociações de cobrança de propina para aprovar o Projeto de Lei 1.600/2008, que autorizava a ampliação da área de construção do Boulevard Shopping, na Região Leste, conforme revelou com exclusividade o Estado de Minas em 2009. Além do afastamento dos dois, o juiz da 3ª Vara da Fazenda Municipal, Alyrio Ramos, já havia decretado a quebra do sigilo fiscal de outros oito acusados. Sendo três no exercício do mandado: Geraldo Félix (PMDB),Maria Lúcia Scarpelli (PCdoB) e Alberto Rodrigues (PV). Além de cinco ex-vereadores: Reinaldo Lima (PV), Valdivino Pereira de Aquino (PTC), Vinícius Dantas (PT), Índio (PTN) e Sérgio Silva Balbino (PRP), que, como suplente, está impedido de assumir mandato em caso de vacância.
O vereador Balbino foi quem teria delatado o esquema de compra de votos. Ele sustenta ter participado das negociações mas depois se arrependeu e entregou todos os envolvidos. O pedido inicial dos vereadores era de R$ 2 milhões para a aprovação do projeto. Durante as negociações o valor foi reduzido e o acerto ficou em R$ 320 mil, sendo que somente metade (R$ 160 mil) foi repassada aos parlamentares