Nessa linha, o senador Blairo Maggi (PR-MT) propôs ontem, na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado, que sejam levadas propostas a Dilma Rousseff para cobrir os buracos que podem ser criados a partir dos vetos. Na próxima quarta-feira, os membros das comissões de Meio Ambiente, de Agricultura e de Ciência e Tecnologia deverão se reunir para discutir o tema. O intuito do grupo é recuperar, por meio de MP, as partes do projeto aprovado no Senado que foram excluídas na Câmara, possibilitando a sanção, ainda que parcial, do texto.
“Minha preocupação é evitar um desgaste do governo com o Congresso que fará do veto um cabo de guerra. Vamos criar uma confusão de uma situação que vem se arrastando há anos e anos. Vamos negociar para que, no momento do veto, a presidente faça a apresentação de uma MP com o que foi aprovado no Senado”, disse Blairo, que defende que o texto do Senado é “mais equilibrado” que o da Câmara.
Missão impossível Também ontem, o senador Luiz Henrique (PMDB-SC) decidiu apostar em uma “última tentativa” para retomar o projeto do Senado antes do veto presidencial. A iniciativa do peemedebista consiste em reapresentar o texto do Senado e votar o novo projeto em regime de urgência, urgentíssima nas duas Casas, missão considerada impossível por alguns colegas, como o líder do PT no Senado, Walter Pinheiro (PT-BA).
“A ideia do Luiz Henrique é sensacional, mas não resolve o problema. Depois de passar pelo Senado, a Câmara vai engavetar de novo. O governo tem que dar uma resposta à Rio%2b20 e não vai dar tempo de aprovar um novo texto até lá”, afirmou Pinheiro. Segundo o líder petista, a melhor saída é a articulação para preenchimento dos vetos: “Se a presidente vetar tudo, vai ter que editar um novo decreto, senão a Rio%2b20 vira a Rio-20”.
O senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), que evitou críticas ao colega Luiz Henrique, ressalta que o importante é que os senadores tenham participação na edição das MPs que o Planalto deverá editar. “As duas propostas vão na mesma direção. Há um posicionamento coletivo do Senado sobre o que aconteceu na Câmara quando o Código Florestal foi aprovado e sobre o que entendemos que a presidente deveria fazer”, afirmou.
Rollemberg, que é presidente da Comissão de Meio Ambiente do Senado, reforça o coro daqueles que defendem que Dilma Rousseff deve trabalhar para recuperar o que o Senado produziu e destaca que, utilizando a ferramenta das Medidas Provisórias, o governo poderia dar satisfações a tempo aos outros países na Rio%2b20. “O que o Senado aprovou foi fruto de muito entendimento, com participações inclusive de deputados. Se as mudanças ocorrerem por MP, há tempo”, aponta. (Colaborou Denise Rothenburg)
O que Dilma deve mudar
» Veto aos trechos que representem anistia aos desmatadores, como o perdão de multas aplicadas;
» Desobrigação de recompor vegetação devastada em margens de rios com mais de dez metros de largura;
» Deverá reincorporar ao texto princípios excluídos na Câmara, como o que definia que o Brasil iria seguir modelo de desenvolvimento ecologicamente sustentável