Brasília – Acuados na CPI do Cachoeira, PSDB e PT ensaiam estratégias paralelas para tentar ganhos políticos com as investigações — ou ao menos evitar maiores estragos. A ação dos tucanos consiste em usar táticas de guerrilha e lembranças permanentes sobre o julgamento do mensalão. Já petistas vão pressionar o procurador-geral da República, Roberto Gurgel.
Para combater o uso político do suposto envolvimento do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), com o contraventor Carlinhos Cachoeira, que deverá ser explorado por petistas durante os trabalhos, tucanos ameaçam expor o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), na CPI, por sua relação próxima com o dono da Delta, Fernando Cavendish.
Um dos objetivos de um grupo de petistas na CPI é Gurgel, a poucos meses do julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em que o magistrado atuará como advogado de acusação. Ele é questionado por setores do PT devido ao fato de não ter pedido o indiciamento do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) em 2009, quando teve acesso à Operação Vegas da Polícia Federal. Para confrontar a tentativa de desgaste da credibilidade do procurador-geral, o PSDB planeja publicar no site do partido e em outras mídias o relatório do ministro Joaquim Barbosa sobre o caso.
Delta De um QG tucano montado no gabinete de Mendes Thame saem os pedidos de informação para subsidiar a reação tucana. Um requerimento que já foi enviado ao Palácio do Planalto pelo PSDB visa munir a legenda de informações sobre o excesso de aditivos em contratos do governo federal com a Delta. Mendes Thame acredita que, a partir dessas informações, dificilmente as denúncias deixarão de respingar no Planalto, um elemento que o PSDB poderá usar para blindar integrantes.
O partido ainda tira o pulso a cada hora da situação do deputado Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO), flagrado em interceptações telefônicas da Polícia Federal solicitando a senha do cartão de crédito de Cachoeira para realizar compras e, em outra ocasião, pedindo ao bicheiro para usar um apartamento para comemorar a virada do ano no Rio de Janeiro. Amanhã, o deputado será ouvido pelos colegas. A ideia é acompanhar o ritmo de outros partidos que também tiveram representantes envolvidos nas denúncias.