Dois partidos do arco de aliança do senador, que ensaiavam apoio a Lacerda, já debandaram. O PTB lançou o deputado federal Eros Biondini, e o deputado federal Stefano Aguiar vai sair pelo PSC. Na eleição de 2008, os 11 partidos nanicos que atualmente fazem parte da base do senador tiveram 14,68% dos votos para vereador. Todos esses candidatos têm o aval de Aécio, que trabalha também em prol da candidatura de Délio Malheiros (PV), homenageado ontem inclusive por possíveis aliados de Lacerda na disputa deste ano.
Os tucanos e seus correligionários estão insatisfeitos com a possibilidade de Lacerda, caso seja reeleito, entregar a prefeitura para o PT para disputar o governo do estado. Além disso, as direções nacionais do PSB e do PT articulam uma aliança para 2014, que envolve o também presidenciável Eduardo Campos (PSB), governador de Pernambuco.
A coligação do PSB com o PT para eleição de vereadores é um problema a mais. Com PSB e PT juntos em uma chapa proporcional, o PSDB tem chance de eleger no máximo três vereadores. Já a expectativa do PT é passar dos atuais seis representantes na Câmara Municipal para pelo menos oito.
Com isso, os tucanos, cuja participação na campanha de Lacerda estava praticamente certa, agora exigem a indicação do candidato a vice ou pelo menos a saída do PT da chapa de vereadores. O presidente do PSDB de Minas Gerais, deputado federal Marcus Pestana, disse que o partido não aceita o PT na vice de Lacerda e também na coligação proporcional. Outros partidos nanicos podem seguir o PSDB e desembarcar da aliança em torno de Lacerda, que até abril já contabilizava o apoio de pelo menos 16 partidos. As conversas com o PTN, PSL e PSDC já estão suspensas.
Na homenagem a Délio Malheiros, o governador em exercício, Dinis Pinheiro, desconversou, afirmando que as discussões em torno da chapa proporcional devem ser encabeçadas pelo presidente do PSDB em Belo Horizonte, o deputado estadual João Leite. Quanto ao pré-candidato do PV, Dinis afirmou que ele merecia o título, “por ser uma pessoa que sempre se pautou pela honestidade”. Délio devolveu os elogios tucanos, afirmando que sempre admirou o senador Aécio Neves. “Ele é um dos nomes fortes para disputar a Presidência da República.”
Estavam presentes ainda na homenagem outros quatro secretários do governo Antonio Anastasia: o de Desenvolvimento Regional e Política Urbana, Olavo Bilac Pinto Neto; o de Turismo, Agostinho Patrus; de Desenvolvimento dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri e do Norte de Minas Gerais, Gil Pereira, e de Gestão Metropolitana, Alexandre Silveira.
Insatisfação
O presidente do PR em Belo Horizonte e subsecretário de Estado de Relações Institucionais, Leo Portela, disse mais cedo que a decisão do PR até o momento é de apoiar a reeleição de Marcio Lacerda, mesmo o partido não tendo nenhum cargo na administração municipal. “Apesar de estarmos insatisfeitos com a forma como a discussão vem sendo feita pelo PSB, ignorando outros partidos”, reclama. Segundo ele, a interlocução da prefeitura com os partidos é a “pior da história de Belo Horizonte”. Portela disse que o PR já foi sondado por várias outras legendas para compor chapas majoritárias. O nome do subsecretário já foi até cogitado como um possível candidato a vice de Délio Malheiros. “Parece que só a PBH não quer o PR.”
Escolhido pelo PSDB para coordenar as discussões com o PSB envolvendo a montagem da chapa proporcional, o vereador Pablito (PSDB) também não está nada satisfeito com Lacerda. Segundo ele, o prefeito trabalha contra o PSDB e contra o grupo que defende a eleição de Aécio em 2014. “Queremos saber de Lacerda se ele faz ou não parte do nosso projeto, que é eleger Aécio presidente.” O vereador disse ainda que o partido não vai aceitar de uma coligação com o PT na chapa proporcional. “Isso inviabiliza o PSDB em Belo Horizonte”. De acordo com Pablito, a pesquisa encomendada pelo PSDB de BH que mostra Aécio Neves como o principal cabo eleitoral na capital deixa claro que o senador tem força na capital para eleger o prefeito. “Não é o PT.”