Jornal Estado de Minas

Frente Parlamentar da Agricultura quer adiar votação da PEC do trabalho escravo

AgĂȘncia Estado
Os deputados da Frente Parlamentar da Agricultura (FPA) querem retirar da pauta da Câmara dos Deputados a votação pelo plenário da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Trabalho Escravo (438/01). A possibilidade de votação está sendo discutida nesta terça pelos líderes. A PEC foi o principal tema do almoço semanal dos deputados que compõem a FPA, quando traçaram as estratégias de atuação, como a possibilidade de obstruir a votação.
O presidente da FPA, deputado federal Moreira Mendes (PSD-RO), disse à Agência Estado que a bancada não tem intenção de derrubar a PEC, que foi aprovada em primeiro turno em agosto de 2004 e ainda aguarda votação em segundo turno. Ele diz que os deputados ruralistas querem que a votação seja adiada até a conclusão dos trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que trata do trabalho escravo, quando será possível elaborar o projeto de lei que defina melhor a questão.

Na opinião de Moreira Mendes, o tema é polêmico, porque houve muitos excessos cometidos pela fiscalização trabalhista, por causa das interpretações subjetivas da lei, "que mistura trabalho degradante e exaustivo com o trabalho escravo". Segundo ele, se a PEC for aprovada com a expropriação sumária de propriedades rurais ou urbanas sem definir com clareza o que é trabalho escravo "vamos cometer um desatino com o povo".

O deputado afirmou que a legislação atual "execra o produtor rural, sem conceder o direito de defesa"; Ele é incluído na lista suja do Trabalho Escravo caso o fiscal constate que faltem copos descartáveis e banheiro químico na roça. "O produtor rural pode perder a propriedade por causa disso", diz ele. Na opinião de Moreira Mendes, o texto atual da PEC dificilmente será aprovado pelo plenário da Câmara dos Deputados.