Investigado pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) por suspeita de desvio de recursos públicos, o prefeito de Montes Claros, Luiz Tadeu Leite (PMDB) – indiciado terça-feira em dois inquéritos civis públicos instaurados pela Procuradoria da República por desvios de R$ 4,6 milhões em recursos da saúde –, montou ontem um palanque na Assembleia Legislativa para a oposição ao governo do estado. Tadeu Leite viajou mais de 800 quilômetros até a capital para denunciar o que chama de “complô” e “tratoração” por parte de “setores do governo de Minas” contra sua administração. Candidato à reeleição, o prefeito preservou apenas o governador Antonio Anastasia, a quem chamou de parceiro na ampliação do setor industrial do município que administra. Sobraram críticas ácidas para instituições como as procuradorias de Justiça e o Tribunal de Contas da Estado (TCE) que, segundo ele, estariam sendo usados com fins eleitoreiros.
Representação
Além de alegar perseguição política, o prefeito informou ter protocolado, ontem, uma representação no Conselho Nacional do Ministério Público contra o procurador do TCE, Mar- cílio Barenco Corrêa de Mello, que teria coordenado a ação de análise da documentação. “Ele agiu de forma policialesca, agressiva, mal educada e cheia de impáfia, contrariando recomendação do atual presidente do tribunal, Antônio Carlos Andrada”, acusou. Segundo Tadeu Leite, o procurador teria feita conclusões precipitadas. Com a análise de “apenas alguns documentos e num único procedimento constatou indícios de irregularidades em vultoso valor de centenas de milhões”, criticou, para rebater, em seguida: “Como isso pode acontecer se o orçamento total de Montes Claros, o quinto maior município de Minas, é de R$ 550 milhões?” O prefeito, no entanto, não apresentou qualquer documento oficial para sustentar a tese de que as acusações se restringem ao campo político.
O Tribunal de Contas do Estado, por meio de sua assessoria, informou que não há qualquer fiscalização em andamento na Prefeitura de Montes Claros. Explicou que os técnicos foram cedidos atendendo a pedido da Procuradoria de Justiça do Estado, com a qual mantém convênio de cooperação mútua. O procurador-geral de Justiça, Alceu Torres Marques, não quis comentar as declarações.